Céline Abecassis-Moedas, diretora da Formação de Executivos da Católica Lisbon, School of Business & Economics
Recorrer à inovação e digitalização. A crise da Covid-19 obrigou as empresas a apressar os seus processos de digitalização. Tal deve ser encarado como uma oportunidade para muitos serviços se modernizarem, simplificarem processos através da digitalização. Por exemplo, as teleconsultas aumentaram exponencialmente durante a pandemia. Este é um novo hábito que pode e deve ficar. Em muitos países do mundo, a função publica está a ser obrigada a digitalizar-se e a oferecer serviços online. Portugal pode e deve avançar neste caminho que é positivo para a sociedade como um todo.
2. Apostar na formação. Este “novo mundo” é muito desafiante, e as pessoas e empresas têm de se preparar para esta nova realidade, mais digital e ao mesmo tempo com desafios grandes ao nível, por exemplo, da gestão de pessoas à distância. A formação técnica (digital) e comportamental vai fazer a diferença nesta nova realidade. Investir na formação é uma maneira de nos prepararmos para o futuro.
3. Prevenir e evitar a “pink recession”. Esta crise está a afetar mais as mulheres, porque são elas as mais impactadas pelas tarefas domésticas e o apoio aos filhos em idade escolar, sacrificando muitas vezes os seus trabalhos, mas também porque são as mulheres que estão mais representadas nas indústrias mais afetadas pela crise (como o turismo). O suporte às famílias, protegendo o emprego feminino, é essencial para a retoma económica.
Clara Raposo, presidente do ISEG
A pergunta é otimista ao pressupor que é possível garantir uma recuperação rápida e robusta. Receio que este otimismo possa não ser tão contagiante quanto o coronavírus, a fonte da crise em que nos encontramos. Quer da crise pandémica, quer da queda de atividade económica que se sente desde março.
Diz o provérbio popular que “depressa e bem, não há quem.” E diz bem. Não vejo como podemos garantir uma recuperação que seja rápida (“depressa”) e, ainda para mais, robusta (“e bem”) enquanto não tivermos uma melhor perspetiva de desfecho da pandemia. Porquê? O prefixo pan traduz a noção de universalidade. Portugal não depende exclusivamente de si (nem nunca assim foi), mas muito do comportamento de todas as economias do mundo. Esta dependência acentua-se, no nosso século, graças à globalização e à “mobilidade de tudo” que ela implica. E, no caso de Portugal, a reação à adversidade depende, fortemente, dos seus parceiros de União Económica e Monetária.
Coloco, então, a pergunta de outra forma. Elimino a palavra “rápida” (porque o ritmo depende mais da evolução das ciências médicas do que de políticas económicas ou práticas empresariais) e substituo a palavra “garantir”, uma vez que em economia nada é garantido em contexto de forte incerteza. Pergunto, então: como é que Portugal pode preparar uma recuperação robusta?
Na fase atual, deseja-se que a normalização de uma série de atividades recupere algum do tecido empresarial, após o período de maior amparo por parte do Estado a famílias e empresas. O agravamento das contas públicas é uma preocupação, pelo que a chegada do reforço de fundos europeus é essencial para cumprir duas funções: aliviar o esforço Estatal – para um maior enfoque em projetos que renovem a infraestrutura (inclusive digital) e tenham efeito multiplicador, em substituição de meros suportes de vida a empresas – e transmitir confiança aos investidores privados para que nos tragam arrojo e persistência na geração de negócio. Restabelecida a confiança, descobriremos quem são os verdadeiros catalisadores da recuperação económica.
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