O primeiro impacto foi “e agora, como é que vamos pôr esta malta toda a trabalhar a partir de casa?”. Até então apenas a Google e outras tecnológicas mundiais eram (aparentemente) evoluídas o suficiente para colocarem os seus colaboradores a trabalharem remotamente ou com escritórios mais reduzidos recorrendo ao hot desking.
Seguiu-se a incerteza dos colaboradores com o “como é que vou conseguir trabalhar a partir de casa? O meu trabalho é incompatível, pois tenho de…”.
Passados alguns meses de (aparentes) impossibilidades, tudo se tornou possível: as empresas transferiram as suas sedes para as casas de cada um dos seus colaboradores; financeiramente houve eficiências; na generalidade, os colaboradores souberam adaptar-se; no global, as empresas mantiveram ou até melhoraram os índices de produtividade. Também tralhámos mais, é verdade!
Agora que olhamos para trás percebemos que o ser humano é uma máquina fantástica e que, por vezes, só precisamos de um empurrãozinho (neste caso foi um grande empurrão) para darmos um passo em frente – e não, não é em direção ao abismo!
Paralelamente, concluímos que neste mundo de trabalho remoto há calls ou videoconferências em demasia e que o multitasking permanente é inimigo da perfeição. Há ainda muitos ajustes a fazer, mas o caminho é agora outro e bem diferente daquele que todos antecipávamos até meados de março deste ano de 2020 que ficará na memória de todos, mas que agora chega ao fim.
Por estes dias, já se brinca com aquela que será a expressão de 2020: you are on mute (estás em modo silencioso) tantas vezes ouvido ao longo deste ano e nas muitas videoconferências. Para muitos esta é (aparentemente) a expressão vencedora.
As empresas que se adaptaram – pelo menos aquelas que tinham essa possibilidade, uma vez que nas fábricas ou nos hospitais a situação era mais difícil de pôr em prática – perceberam que havia muito caminho para a flexibilidade e adaptação. E que com isso, poderiam resultar ganhos.
Os colaboradores perceberam que tinham mais liberdade para realizarem outras tarefas enquanto trabalhavam e que conseguiam estar mais próximos, quando precisavam, por exemplo dos filhos. No fim de contas, nestas empresas aumentou (aparentemente) o índice de confiança no colaborador e vice-versa.
Agora, volvidos mais de nove meses, começa a sentir-se algum cansaço. E não é apenas por (aparente) responsabilidade das empresas. É principalmente devido à situação envolvente – o confinamento, as limitações, as novas estirpes que aparecem, a expectativa enorme em torno das vacinas e a vontade de abraçar livremente aqueles que mais amamos – que nos desgasta.
Somos seres sociais e é natural que queiramos relacionar-nos sem ser apenas virtualmente. Enquanto não se estanca e elimina este vírus feroz, ficam as memórias de um ano bizarro em termos de saúde pública e também socialmente. Fica a aprendizagem de todos nós e a consciência do que é estar-se em guerra, mesmo que numa com um inimigo (aparentemente) invisível como este.
Nos desejos para 2021 todos nós queremos algo melhor, com menos desafios, infeções e limitações. Queremos voltar a um normal que não seja apenas o possível, mas antes aquele que desejamos. Queremos voltar a sentir que somos livres sem riscos.
Pessoal e profissionalmente, 2020 trouxe muitos desafios e aprendizagens. E é a partir deles que devemos evoluir no novo ano, não esquecendo o que aconteceu e como, na adversidade, soubemos ultrapassar as várias etapas… Muitas vezes sem nos queixarmos.
A missão (aparentemente) impossível tornou-se possível e realizou-se com sucesso, apesar de todas as limitações.
Para o ano há mais – sucesso, entenda-se!