[weglot_switcher]

Marcelo alerta que erros do Governo “podem enfraquecer ou esvaziar” a estabilidade de Portugal

Mensagem de Ano Novo do Presidente da República adverte que 2023 será decisivo para Portugal, que precisa de recuperar dos impactos da pandemia e da guerra. E deixa implícitas críticas a erros de orgânica, descoordenação, fragmentação interna, inação, falta de transparência e descolagem da realidade no executivo de António Costa
1 Janeiro 2023, 20h28

O Presidente da República alertou, na sua mensagem de Ano Novo divulgada na noite deste domingo, 1 de Janeiro, que só o Governo poderá “enfraquecer ou esvaziar” a estabilidade de Portugal, decorrente da maioria absoluta do PS.

Marcelo Rebelo de Sousa foi muito específico nas suas declarações, enumerando que a “vantagem comparativa” de existir um governo de um só partido, e com maioria absoluta, que “é muito rara na Europa e no mundo democrático”, implica uma “responsabilidade absoluta” que é posta em causa “por erros de orgânica, ou por descoordenação, ou por fragmentação interna, ou por inação, ou por falta de transparência, ou por descolagem da realidade”.

Numa mensagem de oito minutos, indissociável da crise política que conduziu a uma nova vaga de demissões no executivo – nomeadamente o ministro Pedro Nuno Santos e os secretários de Estado Hugo Santos Mendes e Alexandra Reis -, na qual apresentou 2023 como “um ano decisivo”, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que ter este ano perdido “compromete, irreversivelmente, os anos seguintes”. Até porque, como o chefe de Estado realçou, “será o único ano, até 2026, sem eleições nacionais ou de efeitos nacionais”, transformando os anos que se lhe irão seguir num “longuíssimo período de constante campanha pré-eleitoral e eleitoral”.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, é essencial tirar proveito da “situação privilegiada de paz e de segurança”, para Portugal atrair turismo, investimento externo e recursos humanos qualificados. E, acima de tudo, utilizar fundos europeus “irrepetíveis e de prazo bem determinado”.

“Já basta o que não depende de nós para nos preocupar ou amargurar. Não desperdicemos o que só de nós depende. Depois de quase dois anos de pandemia e quase um ano de guerra, é tempo de voltar a sonhar”, disse o Presidente da República, no final de uma mensagem em que começou por recordar que há precisamente um ano “2022 parecia ir ser um ano de desconfinamento, de viragem, de esperança, no Mundo, na Europa e em Portugal”.

Referindo-se à pandemia de covid-19, que espera ver definitivamente controlada, e à guerra na Ucrânia, para a qual desejou um final em que prevaleça o primado do direito internacional, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que Portugal “aguentou melhor do que alguma Europa no crescimento, no turismo, no investimento estrangeiro, na autonomia energética e no défice do Orçamento”. Mas isso não evitou que tenha sofrido, e continue a sofrer, “na subida dos preços, no corte dos rendimentos, no corte dos salários reais, nos juros da habitação, no agravamento da pobreza e nas desigualdades sociais”.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.