Ainda que a desigualdade entre as famílias portuguesas tenham registado um ligeiro desagravamento, os mais ricos continuam a deter a maioria da riqueza do país. A nota divulgada esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) dá conta de que 10% das famílias mais ricas em Portugal detinham 51,2% da riqueza líquida total, em 2020.
“Em 2020, as famílias pertencentes ao conjunto das 10% com maior riqueza líquida (percentil 90) detinham 51,2% da riqueza líquida total (53,9% em 2017). [Ou seja], o rácio entre o percentual 90 e o percentil 10 da riqueza líquida reduziu-se em relação a 2017. A evolução do índice de Gini e da percentagem de riqueza na posse das famílias com maior riqueza líquida apontam também para uma ligeira redução da desigualdade entre 2017 e 2020”, explica o gabinete de estatísticas.
O destaque publicado esta quarta-feira detalha ainda que, nos ativos reais, a assimetria entre as famílias é “menos acentuada”, no caso da residência principal do que no caso dos outros imóveis e restantes ativos reais. “As famílias da classe de riqueza mais elevada são proprietárias de 82,4% do valor total dos outros imóveis (que não a residência principal) e restantes ativos reais, e de 44,3% do valor das residências principais”, adianta o INE.
É importante salientar, a propósito, que os dados agora conhecidos mostram que as famílias portuguesas, na generalidade, “têm uma clara preferência por ser proprietárias da sua residência”, o que ajuda a explicar a distribuição referida acima. “Apenas 2% das famílias que vivem em casa própria preferiam ter arrendado e 63,5% das famílias que arrendam a casa onde habitam preferiam ter comprado”, sublinha o gabinete de estatísticas.
Também no que diz respeito à globalidade das famílias, 2020 foi sinónimo de um aumento de 19,9% da riqueza líquida média, em termos reais, e de um salto de 31,3% da riqueza líquida mediana, fixando-se, respetivamente, em 200,4 mil euros e 101,2 mil euros.
Segundo o INE, os ativos reais e os ativos financeiros contribuíram para esta evolução, “que é consistente com o aumento dos preços no mercado imobiliário e o aumento dos depósitos das famílias neste período, especialmente acentuados desde a pandemia”.
E uma vez que a riqueza líquida de uma família corresponde à diferença entre o valor dos seus ativos e das suas dívidas, o gabinete de estatísticas avança também que, em 2020, “o valor médio da dívida, considerando as famílias com e sem dívida, manteve-se em cerca de 25,1 mil euros, e o valor mediano permaneceu nulo, uma vez que a percentagem de famílias sem dívida é superior a 50%.”
A nota divulgada esta quarta-feira indica, por outro lado, que, face ao impacto da pandemia de coronavírus, 69,2% das famílias consideram que a sua situação financeira não sofreu alterações significativas (isto é, ficou “semelhante”), 27,8% consideram que piorou e 3% que melhorou. “A percentagem de proprietários da residência principal é superior a 90% nas quatro classes de maior riqueza líquida”, indica ainda o gabinete de estatísticas.
De notar ainda que, entre 2017 e 2020, os rácios de endividamento das famílias portuguesas encolheram. “Em 2020, 46,6% das famílias residentes em Portugal tinham algum tipo de dívida”, salienta o INE, que adianta que as hipotecas da residência principal são as dívidas mais comuns.
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