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5G. Rangel acusa Costa de “lavar as mãos como Pilatos” e diz que existem meios legais para destituir líder da Anacom (com áudio)

O social-democrata disse que Portugal está na “cauda da Europa” no 5G, sendo o único país, a par da Lituânia, que permanece no “ponto zero” desta tecnologia.
  • Flickr/PPE
21 Outubro 2021, 12h01

Paulo Rangel deixou hoje duras críticas ao primeiro-ministro pela forma como o Governo tem lidado com o leilão 5G, que se arrasta há nove meses sem fim à vista, apesar das duas alterações já feitas ao regulamento.

O social-democrata disse hoje que António Costa “lavou as mãos como [Pôncio] Pilatos ao atacar a Anacom”, o regulador das telecomunicações, em referência ao episódio bíblico que serve para exemplificar uma pessoa que quer descartar responsabilidades.

“As operadoras de telecomunicações pediram durante dois anos a destituição e o Governo não quis fazer, através dos meios legais próprios, que tem de ir depois ao Parlamento”, afirmou em Bruxelas à entrada para uma reunião do Partido Popular Europeu.

O eurodeputado apontou que apenas Portugal e a Lituânia estão no “ponto zero” do 5G na União Europeia. “A transição digital está em risco, não tivemos capacidade de avançar no 5G. Estamos na cauda da Europa na digitalização”.

Sobre uma eventual destituição de João Cadete de Matos, Rangel defende que o primeiro-ministro tem de tirar “consequências” das suas críticas ao líder da Anacom feitas ontem no Parlamento. “Isto não pode ser uma espécie de escândalo Galp 2 para não acontecer nada”, em referência às críticas do primeiro-ministro à Galp pelo encerramento da refinaria de Matosinhos.

O primeiro-ministro criticou duramente a Anacom na quarta-feira no Parlamento. “O modelo de leilão que a Anacom inventou é o pior modelo de leilão possível. Nunca mais termina e está a provocar um atraso imenso do desenvolvimento do 5G em Portugal”, afirmou António Costa.

“Quem construiu essa doutrina absolutamente extraordinária de que era preciso limitar os poderes dos governos para dar poderes às entidades reguladoras deve refletir sobre este exemplo do leilão do 5G para ver se é este o bom modelo de governação económica do futuro”, afirmou o primeiro-ministro.

A NOS foi a primeira operadora a reagir às declarações do primeiro-ministro, defendendo a demissão de João Cadete de Matos.

“Se dúvidas ainda restassem sobre a profunda incompetência deste regulador, as graves afirmações hoje produzidas pelo sr. primeiro ministro desfazem-nas por completo. Face aos danos que já causou ao país, e perante esta tomada de posição, não resta outra alternativa ao presidente da Anacom do que apresentar de forma imediata a sua demissão, permitindo desta forma evitar que Portugal seja ainda mais sacrificado do que já foi”, defendeu a operadora em comunicado.

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