Portugal e Espanha acordaram esta quinta-feira o desenvolvimento em conjunto de projetos nas áreas da fileira automóvel, energia, tecnologia espacial e infraestruturas digitais, com verbas dos respetivos Planos de Recuperação e Resiliência (PRR).
“É uma oportunidade extraordinária para a transformação estrutural das nossas economias e das nossas sociedades e não era concebível partilharmos a Península Ibérica sem que esse esforço fosse articulado entre os dois países”, afirmou o primeiro-ministro português, António Costa.
Na conferência de imprensa realizada após a 32.ª cimeira entre Portugal e Espanha, em Trujillo, Espanha, o chefe do Governo indicou que foi assinado um memorando para “um trabalho conjunto no desenvolvimento” dos respetivos PRR “em quatro domínios estratégicos da maior importância”.
“A fileira do automóvel e a transição para a mobilidade elétrica e conectada” é uma das áreas abrangidas por este acordo e está previsto o desenvolvimento de projetos em “toda a fileira, desde a mineração sustentável até à produção dos novos veículos elétricos e conectados”, adiantou.
Segundo António Costa, o memorando prevê também a cooperação na área da “transição ecológica no domínio das energias e em particular do hidrogénio verde”, a qual terá “uma dimensão industrial, mas também de desenvolvimento do conhecimento”.
“Será instalado, em Cáceres [Espanha], o Centro Luso-Espanhol de Pesquisa de Energias Sustentáveis”, revelou, explicando que este projeto visa “contribuir para o aprofundamento do conhecimento do investigação e da inovação nesta área decisiva” para “o futuro” e para “a transição energética”.
O primeiro-ministro referiu que outra das vertentes do acordo passa por “atividades associadas ao espaço”, nomeadamente com a “um projeto muito ambicioso” que prevê a criação de uma “rede de microssatélites lançados por Portugal e por Espanha”.
Designado “Constelação Atlântica”, disse, este projeto pretende produzir “informação de melhor qualidade e em tempo real sobre a terra” para que possa ser partilhada e contribuir para “um melhor ordenamento do território, uma melhor proteção do ambiente, uma maior segurança das populações e uma agricultura que seja mais eficiente e sustentável no futuro”.
António Costa referiu que a quarta área abrangida pelo memorando é no domínio das “infraestruturas digitais” e que, nesse âmbito, está projetada a criação de uma rede de investigação na área da inteligência artificial, com a participação de “diferentes instituições” dos dois países.
Também está prevista a “articulação dos diferentes ‘hubs’ digitais de forma a fazermos da Península Ibérica uma grande plataforma da inovação, do empreendedorismo, das ‘startups’” para que “ajudem a contribuir para a modernização do conjunto da economia europeia”, frisou.
Ainda neste domínio, de acordo com o chefe do Governo, pretende-se “o desenvolvimento de projetos conjuntos na área da digitalização da administração pública” para que seja “mais acessível” e, sobretudo, “nas regiões de fronteira que os cidadãos possam dialogar de uma forma fácil e amigável com as administrações”, tanto de um país como do outro.
Os trabalhos da Cimeira Luso-Espanhola começaram pouco antes do almoço com reuniões bilaterais setoriais, em que cada ministro se reúne com o seu homólogo do outro país, sendo uma delas entre os dois chefes de Governo, tendo havido em seguida um plenário com todos os membros das duas delegações.
A reunião terminou a meio da tarde com a assinatura de nove acordos bilaterais antes de os dois chefes de Governo terem dado a conferência de imprensa que encerrou a cimeira.
A cimeira teve como lema a “mobilidade sustentável” e foram discutidos temas como a implementação da Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço e a execução dos Planos de Recuperação e Resiliência.
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