[weglot_switcher]

A Crise Política Regional

A política regional madeirense esteve ao rubro nestes últimos sete meses. A demissão do governo regional na sequência de uma megaoperação judicial, motivou uma crise política sem precedentes.
3 Setembro 2024, 13h26

A política regional madeirense esteve ao rubro nestes últimos sete meses. A demissão do governo regional na sequência de uma megaoperação judicial, motivou uma crise política sem precedentes. Essa demissão efetivada sem que tivesse sido discutido e aprovado o orçamento regional na assembleia legislativa, naquilo que foi um artifício orquestrado entre o PSD-M e o CDS-M, fez com que o governo ficasse em gestão, e a executar o orçamento anterior em duodécimos. Na sequência das buscas judiciais à presidência do governo regional e a várias secretarias e das detenções que foram efetuadas, quase toda a oposição queria “sangue”. Mal os inspetores regressaram a Lisboa, já o PS e o Chega apresentavam moções de censura na tentativa de deitar abaixo o governo.

O JPP acabou por ser o único adulto na sala, reiterando que o orçamento regional deveria ser discutido e aprovado, antes de se tirarem quaisquer consequências políticas daquela que foi chamada Operação Zarco.

Numa tentativa de se antecipar às moções de cesura o CDS-M puxou o tapete ao PSD-M, levando Albuquerque a se demitir sem discussão do orçamento, numa tentativa de indicar um governo alternativo ao Presidente da República para que este não convocasse eleições.

Os interrogatórios no Campus da Justiça em Lisboa, resultaram na liberdade de todos os arguidos, após uma detenção demasiado longa. Com este desfecho Miguel Albuquerque que nunca levantou a sua imunidade inerente ao Conselho de Estado, candidatou-se novamente à liderança do PSD-M e ganhou.

Convocado um novo ato eleitoral, ganhou novamente as eleições regionais, mas sem maioria absoluta. Apesar do entendimento com o CDS-M, e a indigitação à pressa pelo Representante da República, o PSD-M, sem garantias de estabilidade, viu-se obrigado a negociar com outros partidos entre os quais o Chega, que sempre disse que “com Albuquerque não!” porque é arguido.

Após um programa de governo atribulado com duas versões, o Chega lá acabou por espezinhar a sua própria bandeira de combate a corrupção, aprovando o programa de governo e viabilizando o orçamento regional, acabando assim por se tornar no andarilho de um governo e de um presidente que está a ser investigado por corrupção.  Como diria Fernando Pessa “E esta hein?”

Será que votar no Chega Madeira, no CDS-M e no PAN-M é o mesmo que votar no PSD Madeira?! A sequência de atos deste circo político parecem mostrar que sim!

Já o JPP quase que duplicou o seu número de deputados nestas últimas eleições regionais, e teve uma postura ativa na procura de uma solução alternativa de governo que pusesse fim a quase 50 anos de governação do PSD-M. Pena é que à exceção do PS-M, todos os outros partidos da oposição que se dizem contra a governação laranja tivessem preferido a manutenção do “status quo” em vez da mudança. Mas a vida continua… Coerência, essa, da parte do JPP ao menos houve-a sempre.

Agora caberá ao JPP continuar a liderar a oposição na Madeira, como tem feito, tendo agora uma capacidade reforçada, o que trará mais fiscalização à conduta do governo regional, mais revindicações relativas aos principais problemas que afetam o povo, como o custo de vida, a habitação, a saúde, a agricultura e a mobilidade e mais propostas legislativas nesse sentido, mantendo sempre a coerência com os seus princípios.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.