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A inflação também persiste nas notas sobretudo nos colégios

As escolas privadas são quase seis vezes menos do que as escolas públicas, mas atribuiram quase tantos “vintes” como elas. Houve 1252 “vintes” no privado em 2022.
16 Junho 2023, 04h39

Longe vai o tempo em que o aluno excepcional não ia além do 18. A inflação que domina a nossa economia doméstica também se faz sentir – e de que maneira – nas médias escolares.

No universo das 421 escolas públicas analisadas pela agência de notícias Lusa a partir da base de dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), 295 atribuiram 20 valores em 2022 a, pelo menos, um aluno. Ou seja, 70% das escolas pontuaram nesse campeonato.

No total, houve 1.689 notas máximas atribuídas entre cinco disciplinas: Desenho A, História A, Inglês, Matemática A e Português.

Em número quase seis vezes inferior à escola pública, os colégios analisados nesta estatística foram verdadeiramente pródigos nas notas. Entre as 75 escolas privadas analisadas, 68 avaliaram estudantes com a classificação máxima. Os “vintes” totalizaram no ano passado 1.252.

O Externato Ribadouro, no Porto, que há dois anos foi alvo de um processo por inflação de notas, é o campeão. Segundo a análise da Lusa atribuiu 215 notas máximas, a maioria das quais a Inglês, com 117 dos 150 alunos terminaram a disciplina com 20 valores.

No campeonato dos “vintes”, a escola pública melhor posicionada é a Escola Secundário Amato Lusitano, em Castelo Branco, que regista 36 avaliações com 20 valores, 31 das quais a Inglês.

As estatísticas da DGEEC revelam, no entanto, que a disciplina de Matemática A é aquele em que mais alunos conseguem alcançar o nível máximo de sucesso escolar. Dos 1.689 “vintes” alcançados por alunos em escolas públicas, 1.152 foram a esta disciplina. De destacar ainda  273 alunos classificados com 20 valores a Português, 126 em Inglês, 75 a Desenho A e 63 a História A.

O improvável também acontece e aconteceu na Escola Secundária de Rio Tinto, em Gondomar oito alunos beneficiários do escalão A de ação social escolar tiveram 20 valores.

A questão da inflação das notas é velha. Recentemente, a Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) tornou público que já tinha inspecionado este ano 39 escolas onde as notas dos alunos pareciam ser excessivamente elevadas, tendo recomendado a sete estabelecimentos de ensino a “reposição imediata da legalidade” das classificações atribuídas.

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