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Acordo ou não acordo, eis a questão que inquieta Wall Street

Hoje todos os olhares vão estar nas conclusões da reunião do FED, não sendo de esperar grandes novidades, os investidores estarão atentos a alterações no chamado “dot plot”, que tenta antecipar o caminho futuro dos juros, bem como de indicações quanto ao timing em que a redução do balance sheet terminará.
  • Brendan McDermid/Reuters
20 Março 2019, 07h54

Por coincidência uma boa parte do sentimento das principais praças mundiais está preso por dois acordo onde a incerteza sobre o desfecho dos mesmos perdura à largos meses, sem que ainda assim se vislumbre hoje qualquer dado concreto que possa resultar numa aferição mais fundamentada da situação, refiro-me ao acordo para o Brexit entre o Reino Unido e a União Europeia, e o acordo comercial entre os EUA e a China. No primeiro caso estamos perante um enredo digno de um thriller, embora com pincelas grossas de comédia, isto porque a dez dias da data limite para a saída “dura” do Reino Unido do bloco composto por 28 países europeus, o desenrolar dos acontecimentos continua semelhante ao de há um ano, nada é o que parece, nada é definitivo e de um dia para o outro aparece mais uma derradeira tentativa de Theresa May em fazer aprovar um acordo impossível de passar, concretamente por causa do backstop entre as Irlandas, que foi sempre a pedra no sapato do Brexit.

Apesar da recusa do presidente da câmara dos comuns do Parlamento do Reino Unido em autorizar uma terceira votação sobre o acordo alcançado pela primeira ministra, o certo é que a União Europeia está disposta a que tal ocorra, mas sobem de tom os rumores de que se e quando for pedida a extensão do prazo para as negociações, teremos mais um bico de obra para resolver. Nomeadamente porque Bruxelas só deverá aceitar se o prazo dado tiver algum objectivo prático, segundo as palavras do negociador chefe, Michel Barnier, que indiciou até a probabilidade da U.E nem sequer dar possibilidade para uma extensão de curto prazo, visto que quanto mais tempo passar, mais provável será um acordo de Brexit “suave”, ou aquilo que é hoje mais desejado, um segundo referendo. Só o tempo saberá os próximos passos, neste caso nem a futurologia mais criativa teria muito sucesso, o que tem levado ao desespero os representantes das industrias do Reino Unido, os mais afectados pelo impasse.

Em relação ao acordo comercial entre as duas maiores economias do mundo a questão é simples, a pedra no sapato é a propriedade intelectual, quiçá igualmente intransponível, ontem uma notícia da Bloomberg indiciou que as negociações não estariam a correr de feição, dado o recuo por parte da China nas promessas já efectuadas sobre esse tema, justificado em parte pela falta de garantias de um levantar das sanções pelos EUA caso um acordo seja alcançado. Não obstante a declaração de Trump de que as negociações estavam a correr bem, o certo é que Wall Street eliminou os ganhos que se registavam por volta do meio dia local, terminando os índices com um panorama misto e sem grandes variações. De realçar contudo que os sectores refúgio, como utilities, imobiliárias e retalhistas de produtos essenciais estiveram com pressão vendedora extra, o que lhes valeu dos piores resultados da sessão.

Hoje todos os olhares vão estar nas conclusões da reunião do FED, não sendo de esperar grandes novidades, os investidores estarão atentos a alterações no chamado “dot plot”, que tenta antecipar o caminho futuro dos juros, bem como de indicações quanto ao timing em que a redução do balance sheet terminará.

O gráfico de hoje é da Galp, o time-frame é Semanal

Os títulos da petrolífera portuguesa não conseguiram ultrapassar para já os máximos atingidos no início de Janeiro, o que é um indicador bearish a ser monitorizado.

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