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ACP considera ZER da Baixa-Chiado “obra de embelezamento avulsa” e reclama estudo de mobilidade

“É imperioso recordar que, nos últimos 10 anos, a autarquia nada fez para fiscalizar e reduzir as emissões poluentes nas denominadas ZER. A mesma inércia se verifica quanto à criação de parques dissuasores nas entradas da cidade e de parques de estacionamento no seu miolo”, indica o ACP em comunicado.
Liam McKay – Unsplash
6 Fevereiro 2020, 17h19

O Automóvel Clube de Portugal (ACP) considera “uma obra de embelezamento avulsa” a proposta do executivo camarário da autarquia de Lisboa sobre a Zona de Emissões Reduzidas (ZER) para a Baixa-Chiado e, por isso, apela ao esclarecimento do projeto e à apresentação de um estudo de mobilidade que “sustente” a opção do presidente da câmara, Fernando Medina, foi esta quinta-feira, 6 de fevereiro anunciado.

“É imperioso recordar que, nos últimos 10 anos, a autarquia nada fez para fiscalizar e reduzir as emissões poluentes nas denominadas ZER. A mesma inércia se verifica quanto à criação de parques dissuasores nas entradas da cidade e de parques de estacionamento no seu miolo”, lê-se no comunicado do ACP.

O ACP não é contra o controlo na redução das emissões poluentes decorrentes da necessidade de reduzir a presenças dos veículos automóveis em zonas centrais das nossas cidades, mas salienta que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) não apresentou “qualquer estudo de mobilidade que sustente a atual opção política do alargamento da ZER da Avenida e da Baixa-Chiado, bem como a lista de efeitos diretos e indiretos na malha urbana vizinha à ZER”.

Nesse sentido, o ACP apela a um esclarecimento da CML quanto às medidas de gestão de circulação e estacionamento previstas e lembra que algumas “artérias adjacentes” à ZER da Baixa-Chiado estão “impreparadas para receber fluxos superiores a 50% dos volumes atuais, com os efeitos já conhecidos ao nível do aumento da produção de emissões poluentes”. É o caso das rua dos Fanqueiros, da rua da Madalena; rua do Alecrim e zona do Campo Santana”.

Os lugares de estacionamento que serão suprimidos também não são conhecidos, bem como a oferta real de estacionamento livre e não comprometida com a procura turística ou imobiliária nos parques subterrâneos existentes na ZER, indica o ACP.

“Quais os efeitos e que soluções estão definidas para a garantia da circulação de viaturas de emergência no acesso ao Hospital de São José?”, questiona o ACP ainda. O organismo pede também uma justificação para a proibição de veículos afetos à UBER ou outras plataformas de mobilidade partilhada idênticas que não sejam 100% elétricas.

Para esclarecer o ZER da Baixa-Chiado, apresentado no dia 31 de janeiro por Fernando Medina, o ACP diz estar disponível para reunir com o executivo camarário e elenca, no referido comunicado 22 propostas:

1.  Alargamento do período de acesso condicionado em toda a ZER, até às 8.30 horas, por forma a facilitar tanto o acesso às escolas, como das necessidades naturais dos moradores em zonas adjacentes, desde logo nas colinas;

2. Revisão completa de todo o esquema de sinalização informativa / turística na cidade, com destaque para a sinalização direcional de centro;

3. Reforço da oferta na rede de metropolitano em toda a ZER e estações envolventes;

4. Reforço da oferta de bicicletas partilhadas em toda a ZER Avenida l Baixa l Chiado;

5. Possibilidade de os veículos ao serviço da mobilidade partilhada, poderem aceder à ZER Avenida l Baixa l Chiado;

6. Possibilidade de extensão do período afeto a cargas e descargas decorrer até às 8 horas;

7. Restrição da circulação de autocarros da Carris apenas aos veículos adquiridos a partir de 2018;

8. Disponibilização de sistema informativo da disponibilidade de lugares de estacionamento em toda a ZER e zonas envolventes;

9. Possibilidade de as viaturas afetas à UBER e outras plataformas de mobilidade partilhada acederem à ZER, uma vez que são mais recentes que a maioria dos táxis em circulação na cidade;

10. Possibilidade do acesso de viaturas híbridas plug-in à zona condicionada nos mesmos moldes que as viaturas elétricas;

11. Reforço da oferta da única carreira da rede de elétricos da Carris que atravessa toda a ZER, nomeadamente a carreira 28, em virtude do acréscimo de turistas;

12. Melhorar as condições de acessibilidade às estações de metropolitano Baixa/Chiado, Rossio, Restauradores, Avenida e Cais do Sodré, nomeadamente ao nível das escadas rolantes e elevadores;

13. Melhorar as condições de iluminação pública em espaços e ruas mais afastados das grandes artérias existentes em toda a ZER;

14. Reserva de lugares de estacionamento para veículos ao serviço da mobilidade partilhada – carsharing;

15. Implementação gradual da ZER, com a validação da solução final, a decorrer após um período experimental de três meses;

16. Avaliação da oportunidade de repensar a concretização da proposta de criação de 16 mil lugares de estacionamento em parques dissuasores lançada pelo ACP em 2018;

17. Criação de medidas que potenciem na solução final a promoção do aumento da velocidade comercial da frota da Carris em toda a ZER, em interligação com toda a zona envolvente;

18. Melhoria efetiva das condições de acessibilidade e estadia, em todas as paragens de autocarros integradas na ZER;

19. Reforço da implementação de postos de carregamento rápido para viaturas elétricas ou hibridas / plug-in em toda a ZER e envolventes;

20. Definição de um corredor permanente de emergência que promova a garantia das condições de acessibilidade em toda a ZER, a veículos de emergência, nomeadamente bombeiros;

21. Melhoria efetiva das paragens de táxis;

22. Reforço das zonas de videovigilância em todo o perímetro da ZER;

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