A Adidas não esperava encontrar tantos desafios em 2022 e isso afetou as suas contas do ano, reveladas esta quarta-feira, 8 de março. No relatório, a empresa alemã liderada por Bjørn Gulden dá conta de uma diminuição significativa dos dividendos, estando agora a propor o pagamento de 0,70 euros por ação ao ano, um valor muito abaixo dos 3,30 euros por título entregues no ano passado.
A fabricante de artigos de desporto viu o seu lucro líquido cair para 254 milhões de euros, um valor que contrasta com os 1,49 mil milhões registados em 2021. Estes resultados já eram esperados pelo mercado, uma vez que a empresa alemã apresentou os resultados preliminares no mês passado.
Já o lucro operacional foi de 669 milhões de euros, verificando-se um decréscimo de 66% face aos 1,99 mil milhões de euros registados em ano anterior. A empresa observou um aumento de receitas em 6% para 22,51 mil milhões de euros, que compara com os 21,23 mil milhões atingidos em 2021.
Por sua vez, as receitas da empresa aumentaram em 1%, com todos os mercados a registar crescimentos, com exceção da Grande China, que se manteve fechada ao mundo até ao último trimestre do ano. As receitas a retalho permaneceram estáveis mas as receitas no comércio online aumentaram 4% ao longo do ano, impulsionadas pelo crescimento de dois dígitos na América do Norte (44%) e América Latina (12%). As receitas na EMEA aumentaram 9%, um valor severamente afetado pela saída na Rússia, e 4% na Ásia-Pacífico, enquanto caíram 36% na Grande China “devido ao ambiente desafiador, desafios específicos da empresa e devolução significativa de stock“.
A margem bruta da empresa caiu 3,4 pontos percentuais para 47,3% em 2022 face aos 50,7% de 2021. No relatório de contas, a Adidas adianta que “os aumentos generalizados de preços foram mais que compensados pelo forte aumento nos custos da cadeia de fornecimento, refletindo o aumento dos custos dos produtos e das despesas com o envio”. Só com a decisão de sair da Rússia, a empresa de artigos desportivos perdeu 59 milhões de euros no início do ano, algo que “teve um impacto adverso na margem bruta”.
Também as despesas operacionais aumentaram 15% para 10,26 mil milhões de euros, enquanto as despesas com marketing e pontos de venda cresceram 8% para 2.763 milhões de euros, “uma vez que a empresa continuou a investir em campanhas como ‘Run for the Oceans’, ‘Stanniversary’ e campanhas de basquetebol”. A Adidas investiu ainda nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim em 2022, na UEFA Women’s Euro 2022 e no Mundial da FIFA Qatar 2022.
As despesas operacionais da empresa aumentaram 18% para 7,5 mil milhões de euros, nos quais se inclui 253 milhões “de custos extraordinários relacionados com a decisão da empresa de encerrar o negócio na Rússia, bem como custos de reestruturação como parte do programa de melhoria da empresa”.
Para 2023, o CEO da Adidas lembra que este “será um ano de transição para construir a base para 2024 e 2025”. “Precisamos de reduzir inventário e diminuir os descontos. Podemos voltar a construir um negócio lucrativo em 2024. A Adidas tem todos os ingredientes para ser bem sucedida”.
Tal como revelou no relatório preliminar, a empresa estima perder até 700 milhões de euros com a coleção Yeezy da parceria com Kanye West. “Caso a empresa decida, irrevogavelmente, não reaproveitar nenhum produto Yeezy existente, isso resultaria numa liquidação do atual inventário da Yeezy e iria diminuir o lucro operacional em 500 milhões de euros”, um valor ao qual acrescem 200 milhões em custos pontuais.
Este é um valor que já tinha sido avançado pela empresa em 2023 mas que afeta significativamente as contas do presente ano, uma vez que a empresa tem estado a diminuir os lucros ao longo dos anos.
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