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Agências de viagens lamentam incerteza do Governo em processos estratégicos

Pedro Costa Freire, presidente da APAVT: “é evidentemente preocupante que, uma vez mais, estejamos cheios de dúvidas e rodeados de incerteza, relativamente a processos estratégicos fortemente impactantes, como sejam a solução para o aeroporto de Lisboa ou a decisão da privatização da TAP”.
3 Dezembro 2023, 09h21

O presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) lamentou hoje que, num país com Orçamento do Estado mas “sem direção”, processos estratégicos voltem a ser rodeados de dúvidas e incerteza pela crise política.

Pedro Costa Ferreira falava no encerramento do 48.º Congresso da APAVT, no Porto, que decorreu de quinta-feira a hoje, contando com 780 pessoas, segundo dados atualizados, com o tema “Inteligência Artificial, a Revolução do Século XXI”.

“Olhámos para as dificuldades de curto prazo, um país com orçamento, mas sem direção, e percebemos bem como elas estão fundadas em estratégias indefinidas, em decisões proteladas, e numa cultura laxista que tardamos em deixar cair, substituindo-a por uma cultura de responsabilidade e de compromisso, que olhe em frente e veja mais longe”, afirmou o responsável no discurso de encerramento do congresso.

“Neste âmbito, é evidentemente preocupante que, uma vez mais, estejamos cheios de dúvidas e rodeados de incerteza, relativamente a processos estratégicos fortemente impactantes, como sejam a solução para o aeroporto de Lisboa, uma resolução relativamente à ferrovia ou a decisão da privatização da TAP”, acrescentou.

A privatização da TAP e a decisão sobre o novo aeroporto, prometidas para o próximo ano, são dois dos grandes dossiês do Governo que vão sofrer atrasos, na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa.

Já durante a abertura da reunião magna anual dos agentes de viagens, Pedro Costa Ferreira tinha abordado o atual momento político, chamando a crise que “os políticos portugueses criaram”.

“A verdade é que, quando a inflação perdura, quando a guerra continua e se alarga pelo mundo, quando as cicatrizes da pandemia ainda estão abertas, e quando a economia, com exceção do turismo, se mantém anémica, a última coisa de que precisávamos era de mais uma crise política”, considerou.

O responsável acrescentou que o que cidadãos, empresários e trabalhadores esperam “é que todos os políticos sejam responsáveis como alguns não têm sido, criando assim condições para que se saia das próximas eleições, com uma solução política viável, e com uma relação com a coisa pública que não envergonhe a classe política, mas, sobretudo, que não envergonhe” a todos.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse hoje que vai formalizar a demissão do Governo na próxima quinta-feira, dia 07 de dezembro, e apontou a dissolução do parlamento para 15 de janeiro.

“Em princípio o último Conselho de Ministros será no dia 07 e, portanto, dia 07 à noite será a demissão”, um mês depois de o primeiro-ministro ter apresentado a demissão, afirmou o chefe de Estado aos jornalistas à margem de uma visita ao Banco Alimentar contra a Fome, em Lisboa.

Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro.

António Costa apresentou a sua demissão ao Presidente da República em 07 de novembro, por causa de uma investigação judicial sobre a instalação de um centro de dados em Sines e negócios de lítio e hidrogénio que levou o Ministério Público a instaurar um inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça em que é visado.

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