Mitch McConnell, o líder republicano no Senado, atribuiu ao presidente Trump a responsabilidade máxima pela invasão ao Capitólio no passado dia 6 de janeiro, argumentando que a multidão responsável pela rebelião foi alimentada com “mentiras”. As declarações foram proferidas esta terça-feira no regresso ao trabalho da câmara alta do Congresso.
McConnell junta-se assim ao grupo de republicanos que parecem ter esgotado a defesa ao presidente depois de quatro anos de acérrimo apoio à figura que revolucionou o partido.
“Alimentaram a multidão de mentiras. Foram provocados pelo presidente e por outras pessoas poderosas e tentaram usar violência e medo para parar um procedimento específico do primeiro ramo do Governo federal de que não gostavam”, afirmou o senador pelo Kentucky. O líder republicano ainda não fez saber como votará no processo de destituição de Trump.
As declarações foram recebidas de forma mista dentro do Partido Republicano, onde o presidente cessante continua a ser, de longe, a figura mais popular junto dos eleitores. McConnell teme que Trump aliene ainda mais os seus apoiantes, o que poderá representar um risco para o partido nas eleições intercalares de 2022, quando uma boa parte da base republicana poderá estar tão cética em relação ao processo eleitoral que nem comparece no voto.
Conforme salienta o New York Times, vários estudos indicam que a vasta maioria dos eleitores republicanos acredita nas alegações infundadas do presidente sobre uma fraude generalizada nos atos eleitorais americanos.
Várias vozes dentro do partido haviam já condenado a postura de Trump durante a campanha e, sobretudo, após se tornar evidente que o presidente havia perdido a eleição e ficaria no cargo por apenas um mandato.
Mitt Romney, senador pelo Utah e antigo candidato presidencial, há muito que não esconde o desdém e desacordo com Trump, tendo mesmo sido o único republicano a votar a favor da destituição do presidente no seu primeiro processo de impeachment e o primeiro senador a votar favoravelmente ao afastamento de um presidente do próprio partido na história americana.
Os senadores do Pensilvânia e Alasca, respetivamente, Pat Toomey e Lisa Murkowski, foram rápidos a reagir aos eventos de dia 6 de janeiro, pedindo a remoção do presidente depois de este incitar a multidão que invadiu o Capitólio.
Vários governadores, incluindo dos estados do Massachussetts e do Maryland, pediram também a Trump que se afastasse depois da rebelião em Washington. Estes políticos juntaram-se aos 10 representantes republicanos que votaram favoravelmente o processo de impeachment na Câmara dos Representantes, acrescendo os seus votos aos da maioria democrata.
Já durante a campanha presidencial, vários grupos de figuras ligadas ao partido constituíram comités de ação política, os chamados PACs na democracia americana, para angariarem fundos a favor de Joe Biden, defendendo que Trump representava um perigo para o país. Grupos como o The Lincoln Project ou o 43 Alumni for Biden incentivaram ao voto no candidato democrata, apesar de serem fundados e geridos por republicanos.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com