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Alterações climáticas podem gerar perdas de 11,5 biliões de euros até 2050, diz estudo

O clima está em foco na cimeira de Davos. Estudo do Fórum Económico Mundial, divulgado esta terça-feira, quantifica os custos humanos e económicos das alterações climáticas: 14,5 milhões de mortos e 11,5 biliões de euros de perdas económicas até 2050.
16 Janeiro 2024, 12h52

As alterações climáticas poderão causar mais 14,5 milhões de mortes e gerar prejuízos de 12,5 biliões de dólares (11,5 biliões de euros) em todo o mundo, revela um estudo do Fórum Económico Mundial, divulgado esta terça-feira, 16 de janeiro, na Cimeira de Davos, que decorre entre 15 e 19 deste mês nesta localidade suíça. 

O estudo Quantifying the Impact of Climate Change on Human Health, realizado em parceria com a empresa Oliver Wyman, fornece uma imagem detalhada dos impactos indiretos das alterações climáticas na saúde humana, na economia global e nos cuidados de saúde e oferece estratégias ​​para mitigar esta ameaça.

O estudo aponta resultados tanto em termos da mortalidade e das vidas saudáveis ​​perdidas como dos custos adicionais para os sistemas de saúde, estimados em mais 1,1 biliões de dólares (um bilião de euros) adicionais até 2050.

As seis grandes categorias de acontecimentos provocados pelo clima com maior impacto negativo na saúde são: inundações, secas, ondas de calor, tempestades tropicais, incêndios florestais e subida dos níveis do mar.

As inundações, de acordo com o estudo, representam o maior risco agudo de mortalidade induzida pelo clima, prevendo-se 8,5 milhões de mortes até 2050. As secas, indiretamente ligadas ao calor extremo, são a segunda maior causa de mortalidade, com 3,2 milhões de mortes estimadas.

Por seu turno, as ondas de calor têm o maior impacto económico, avaliado em 7,1 biliões de dólares (6,5 biliões de euros) até 2050, devido à perda de produtividade. Prevê-se que o excesso de mortes atribuídas à poluição atmosférica, causada por partículas finas e pela poluição do ozono, seja o maior contributo para a morte prematura, com cerca de nove milhões de mortes por ano.

As alterações climáticas também provocarão um aumento exponencial de várias doenças, incluindo as doenças transmitidas por vetores, que provavelmente terão impacto em regiões anteriormente menos afetadas, como a Europa e os Estados Unidos. Até 2050, mais 500 milhões de pessoas poderão estar em risco de exposição a doenças transmitidas por vetores, conclui o relatório. De referir que as doenças transmitidas por vetores compreendem uma longa lista de doenças causadas por vírus, bactérias ou parasitas, transmitidas ao Homem por vários vetores, incluindo os insetos. 

O estudo do Fórum Económico Mundial e da Oliver Wyman alerta para as consequências das alterações climáticas no agravamento cada vez maior das desigualdades globais na área da saúde. As populações mais vulneráveis serão as mais afetadas, com destaque para as mulheres, jovens, idosos, grupos de baixos rendimentos e comunidades de difícil acesso.

A África e o Sul da Ásia enfrentam uma vulnerabilidade acrescida exacerbada pela existência limitada de recursos, infraestruturas adequadas e equipamento médico essencial, o que complica ainda mais a sua capacidade de enfrentar e adaptar-se aos desafios ambientais.

Soluções

“É claro que precisamos de uma ação sustentada se quisermos mitigar as consequências de longo alcance das alterações climáticas e garantir um futuro saudável para todos”, afirma Sam Glick, global leader of Health and Life Sciences da Oliver Wyman.

Uma colaboração intensificada entre os países que vá além das fronteiras e das indústrias, bem como uma transformação abrangente do sistema de saúde global de forma a torná-lo mais resiliente, adaptável e equitativo serão passos cruciais para tentar minimizar o impacto das alterações climáticas, adianta o estudo. Por outras palavras: é fundamental trabalhar em conjunto e cooperar para poder partilhar benefícios em conjunto.

A análise do Fórum Económico Mundial  e da Oliver Wyman tem por base cenários traçados pelo Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) sobre a trajetória mais provável para o aumento da temperatura média do planeta: 2,5° a 2,9° Celsius acima dos níveis pré-industriais.

O primeiro dia a sério na Cimeira de Davos arrancou hoje com as intervenções da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e do primeiro-ministro chinês Li Qiang.
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