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Amazónia brasileira precisa de 5,9 mil milhões de euros anualmente para evitar colapso

Documento assinado por várias organizações foi publicado a poucos meses da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que acontecerá, em novembro, na cidade amazónica de Belém.
8 – Brasil
4 Julho 2025, 15h25

Organizações, centros de pesquisa e lideranças civis enviaram hoje uma carta ao Brasil pedindo um pacto global para a captação de investimento de sete mil milhões de dólares (5,9 mil milhões de euros) anualmente para evitar o colapso da Amazónia.

No documento, assinado pela Conservation Internacional, The Nature Conservancy, Rainforest Trust, Field Museum, Amazon Concertation, Andes Amazon Fund, Ipam Amazónia e Painel Científico para a Amazónia, destaca-se que, nas vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que acontecerá, em novembro, na cidade amazónica de Belém, o Brasil tem a chance histórica de evitar que a Amazónia chegue a um ponto de não retorno.

As organizações signatárias consideraram ser urgente mobilizar recursos para proteger a Amazónia, redirecionar subsídios perversos e garantir financiamento direto para os povos Indígenas.

“De forma alarmante, os fluxos financeiros atuais estão muito aquém de evitar esta crise. Embora o Banco Mundial estime que 7 biliões de dólares sejam necessários anualmente para proteger a Amazónia, apenas 5,81 mil milhões de dólares [cinco mil milhões de euros] foram mobilizados entre 2013 e 2022”, lê-se no documento entregue ao embaixador brasileiro e presidente da COP30, André Correa do Lago, e à Secretária Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Brasil, Ana Toni.

“No entanto, a floresta amazónica gera um valor anual de pelo menos 317 mil milhões de dólares [269,3 mil milhões de euros]. Essa lacuna de financiamento reflete uma falha global mais ampla: as soluções baseadas na natureza (SbN) recebem apenas 3% do financiamento climático para mitigação e 11% para adaptação, apesar de oferecerem 30% da mitigação necessária até 2030”, acrescentou.

Com 6,5 milhões de quilómetros quadrados, a Amazónia abriga 13% das espécies conhecidas no planeta, 20% da água doce superficial e cerca de 47 milhões de pessoas — incluindo mais de 400 povos indígenas.

Essencial para o equilíbrio climático global, a floresta amazónica armazena entre 150 mil milhões e 200 mil milhões de toneladas de carbono, o que equivale a 15 a 20 anos de emissões globais de dióxido de carbono.

Os signatários da carta destacaram que a maior floresta tropical do mundo enfrenta um momento crítico já que mais de 17% da floresta em território brasileiro já foi desmatada e 31% está degradada.

“A perda de mais 5% da vegetação pode levar a um ponto de não retorno, com a conversão irreversível da Amazónia em savana”, advertem.

As organizações solicitaram que o Brasil assuma um papel de liderança na COP30, para estimular uma coligação que mobilize recursos, governos, bancos de desenvolvimento, empresas e grandes fundações, garantindo que o dinheiro chegue a iniciativas que mantenham a floresta em pé e fortaleçam as comunidades que vivem e cuidam dela.

“Direcionar recursos financeiros substanciais e imediatos para a preservação da Amazónia precisa ser reconhecido como uma estratégia climática urgente para evitarmos as piores consequências do aquecimento global”, destacou Rachel Biderman, vice-presidente sénior para as Américas da Conservação Internacional, uma das organizações responsáveis pela elaboração das recomendações.

“A primeira COP do clima a ser realizada na maior floresta tropical do mundo deve assumir compromissos concretos de apoio financeiro e político para que a Amazónia e as demais florestas tropicais do planeta continuem a armazenar e capturar carbono com segurança. É fundamental fortalecer os guardiões da floresta — os povos indígenas e as comunidades locais — não apenas pelo futuro deles, mas por toda a vida na Terra”, concluiu James Deustch, CEO da Rainforest Trust.

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