Angola tem de fazer parte da alternativa ao domínio da China no controlo do mercado mundial de minerais críticos, defendeu hoje o advogado João Afonso Fialho.
O país está a desenvolver o corredor ferroviário do Lobito que percorre 1.300 km em Angola (contando com 400 km na República Democrática do Congo) até à cidade portuária do Lobito, por onde será escoado o cobre do Congo, um mineral essencial para a transição energética, e para todo o mundo.
O consórcio responsável pelo projeto (Mota-Engil, Trafigura e Vecturis) vai investir mais de 450 milhões de dólares para desenvolver a ferrovia e infraestruturas associados, incluindo mais de 1.500 vagões e 35 locomotivas (ver mapa do projeto abaixo).
“O sector mineiro tem os seus desafios próprios, com os diamantes a serem um caso aparte. Em termos de minerais, a grande discussão que tem sido feita é o desafio enorme em termos de financiamento. Os mercados de capitais não têm conseguido dar resposta às necessidades de investimento na exploração de minerais críticos”, afirmou hoje o advogado da sociedade Vieira de Almeida.
“Pela primeira vez no mundo, têm sido os Estados, organizações multilaterais e os fabricantes de veículos elétricos a fazerem investimentos diretos neste sector, que é 80% controlado pela China, com uma grande opacidade em termos de formação de preço. Não há visibilidade sobre esse mercado, é preciso que Angola faça parte do esforço de construção de uma supply chain alternativa”, acrescentou durante o evento Doing Business Angola 2024, organizada pelo Jornal Económico, que teve lugar em Lisboa.
João Afonso Fialho destacou o “esforço incrível de dinamização do sector de minerais críticos” feito pelos EUA no seu programa de fomento IRA.
“É preciso reestruturar a economia angolana. Os projetos no corredor do Lobito são absolutamente críticos”, rematou.
Analisando o sector petrolífero, o advogado também defendeu “alterações legislativas que permitam uma gestão mais fácil da concessões petrolíferas durante a sua vida, para que haja maior flexibilidade na sua gestão”, em particular nos “campos maduros”. “A própria Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) admite que há mais a fazer”.
Corredor do Lobito (a vermelho)
Fonte: Trafigura
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