“Anjos caídos”. O termo é usado, de forma informal, para descrever as empresas que tinham notação de crédito em território de investimento mas que, por um motivo ou outro sofreram uma deterioração das condições financeiras e viram esse rating descer para território especulativo, o chamado ‘lixo’. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o número de empresas com potencial de ‘cair’ para esse patamar triplicou durante a pandemia.
“Embora as pressões sobre a solvência tenham sido limitadas até agora, persistem riscos no setor corporativo não-financeiro”, afirmou o FMI, no Global Financial Stability Update, publicado esta quarta-feira.
Refletindo as inéditas medidas de apoio, os spreads recuperaram quase completamente, mesmo no setor abaixo do grau de investimento, e as taxas de default de dívida permanecerem bem abaixo de picos anteriores e as falências em empresas mais pequenas permaneceram limitadas e em alguns casos até diminuíram.
“No entanto, os desafios persistem. Por exemplo, o número de potenciais ‘anjos caídos’, ou seja, que têm notação BBB minus e perspetiva negativa) triplicou a nível global desde o início da pandemia, e em algumas regiões o potencial”, sublinhou a instituição liderada por Kristalina Georgieva.
Na China, os defaults de empresas estatais no último trimestre de 2020 sugere que a necessidade de abordar vulnerabilidades continua a ser uma prioridade. “
No final das contas, a saúde do setor corporativo global depende de forma crucial da evolução da pandemia
e na extensão e duração das políticas, adiantou o FMI.
“Caso os investidores reavaliem as perspetivas para o crescimento económico e o outlook para as políticas monetárias e orçamentais, poderão ressurgir pressões sobre a liquidez e o risco de tais pressões se transformarem em insolvências”, sublinhou.
Vontade de emprestar?
Em relação à banca, o FMI referiu “não fizeram parte do problema, até agora”. Os bancos entraram na pandemia com bastante capital e buffers de liquidez elevados e até agora mostraram resiliência, com as políticas de apoio, sem precedentes, a ajudarem a manter o fluxo de crédito para as famílias e empresas.
“No entanto, os desafios da rentabilidade num ambiente de taxas de juros baixas levantam questões sobre a capacidade ou a vontade dos bancos de continuarem a emprestar nos próximos trimestres”, alertou.
Os bancos podem estar preocupados com o aumento das exposições ao crédito e do malparado após as medidas de apoio terminarem, especialmente onde a recuperação pode estar atrasada ou incompleta, frisou o FMI.
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