“A consolidação é uma necessidade nacional e internacional”, disse o gestor quando questionado sobre tendências no sector da construção.
No plano nacional, explica, o sector vive na ressaca de um grande desequilíbrio entre aquilo que foi o desenvolvimento no início do Século XXI das obras públicas, associado também à construção residencial, e uma paragem muito significativa no segundo decénio, que levou à destruição de alguns dos conceitos e de algumas empresas do sector”, disse António Ramalho.
Mas também do ponto de vista internacional, dadas as necessidades de transição energética e sustentabilidade de infraestruturas existentes no mundo.
“Só em África, 70% do edificado necessário está ainda por construir. Entre 2015 e 2021 no mundo construiu-se todo o edificado total da Alemanha, França, Itália e Holanda juntos”, revelou António Ramalho.
As empresas vão ter que olhar para a consolidação para ganhar espaço, defendeu invocando o processo de internacionalização das empresas de Construção.
O gestor cita números do COP27, dizendo que 40% do gasto energético da Europa está afecto à construção e habitação, e destes 80% são com base em combustíveis fósseis.
Este sector vai estar sob grandes alterações substanciais dos seus modelos de funcionamento, refere o gestor. “Este mercado vai-se internacionalizar porque houve um conjunto de empresas, que demonstraram que era possível exportar esta atividade”, acrescentou.
“Do ponto de vista da banca” António Ramalho diz que o preocupa porque “a banca perdeu parte da experiência em project finance e financiamento estruturado que são a base de suporte ao financiamento à Construção e às Obras Públicas”.
“Temo pela banca porque tinha qualquer coisa como 30% dos seus créditos ao sector da Construção. Há 10 anos tínhamos 34,466 mil milhões de euros em dívida do sector, mas neste momento a banca tem 18,471 mil milhões. O deleverage da banca portuguesa foi muito feito à custa da redução profunda da exposição ao sector da C0nstrução. Portugal perdeu competências, neste momento não há grandes bancos de investimento a fazer project finance“.
Questionado sobre o facto da banca, no atual contexto do ESG, ter mais facilidade em financiar um parque eólico do que a promoção imobiliária, António Ramalho diz que “a banca vai ser um dos motores da transição para a sustentabilidade, porque vai ser sob os critérios da concessão de crédito que se vão alterar uma parte dos padrões do financiamento, até seria útil que este modelo da Construção tivesse na banca uma alavanca adicional. É um desafio”.
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