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Apostar no turismo é valorizar as pessoas

O turismo é, na realidade, muito mais amplo e relevante, se for percebido como elemento integrador do desenvolvimento transversal de uma comunidade. Verdadeiramente, o turismo, quando praticado com uma mente suficientemente aberta, é um fator insubstituível de autoeducação, tolerância mútua e fundamental para aprender sobre as diferenças legítimas entre as pessoas e as culturas, respeitando a diversidade.
16 Setembro 2021, 07h45

As atividades turísticas surgem, do ponto de vista social, frequentemente mais associadas ao descanso e ao lazer, ao desporto e ao acesso à cultura e à natureza; e, do ponto de vista económico, são muitas vezes (sub)avaliadas apenas pelo fluxo de recursos financeiros vindos do exterior e pela criação direta de empregos.

Todavia, o turismo é, na realidade, muito mais amplo e relevante, se for percebido como elemento integrador do desenvolvimento transversal de uma comunidade. Verdadeiramente, o turismo, quando praticado com uma mente suficientemente aberta, é um fator insubstituível de autoeducação, tolerância mútua e fundamental para aprender sobre as diferenças legítimas entre as pessoas e as culturas, respeitando a diversidade (Holjevac, 2008).

Acresce que uma série de recursos naturais e antrópicos, como: relevo, paisagem, clima, águas termais, vegetação e cultura, entre outros elementos, são mais bem capitalizados através do turismo, do que por outros setores de atividade (Botezat, 2016).

Sem embargo, estes efeitos não são percetíveis por todos, dado a sua mensurabilidade a longo prazo, pelo que tendem a ser desvalorizados, mesmo pelas pessoas diretamente afetadas pelas mudanças sociais, culturais e ecológicas.

Destarte, apostar no turismo significa investir simultaneamente nas pessoas e na comunidade, transversal a diversos setores de atividade económica, de forma holística, inclusiva e sustentada.

De resto, o desenvolvimento sustentável é um dos fatores chave do século XXI, sendo o seu objetivo conciliar as expectativas económicas com os desafios sociais, culturais e ecológicos da globalização. Na realidade, o maior desequilíbrio do mundo em que vivemos, deriva do facto da atividade económica ter estado circunscrita a uma lógica de lucro, que não remunera com a mesma perseverança e rigor os objetivos relacionados com o meio ambiente e o desenvolvimento harmonioso do ser humano (Botezat, 2016).

É neste âmbito que convém ter presente o UNWTO Global Code of Ethics for Tourism (1999). Apesar de não ser juridicamente vinculativo; na prática o UNWTO/GCET é um mecanismo de adesão e implementação voluntária, através do reconhecimento do papel do Comité Mundial de Ética do Turismo (WCTE), trata-se de um quadro de referência essencial ao fomento do turismo responsável e sustentável, cada vez mais reconhecido pelos turistas e pelos locais. Resumidamente, traduz-se em dez princípios norteadores do trabalho e do comportamento de todos os stakeholders do turismo.

UNWTO Global Code of Ethics for Tourism

Artigo 1 A contribuição do turismo para a compreensão e respeito mútuos entre povos e comunidades.
Artigo 2 O turismo como veículo de realização individual e coletiva.
Artigo 3 O turismo como fator de desenvolvimento sustentável.
Artigo 4 O turismo como beneficiário do património cultural da humanidade e contribuidor para a sua valorização.
Artigo 5 O turismo como uma atividade benéfica para os países e comunidades anfitriãs.
Artigo 6 As obrigações dos diversos atores interessados no desenvolvimento do turismo.
Artigo 7 O direito ao turismo.
Artigo 8 A liberdade dos movimentos turísticos.
Artigo 9 Os direitos dos trabalhadores e empresários da indústria do turismo.
Artigo 10 A implementação dos princípios do Código Global de Ética para o Turismo.

 

Para concluir, a adoção do UNWTO/GCET garante o respeito e a compreensão entre todas as pessoas e sociedades, o desenvolvimento sustentável do turismo, a proteção da natureza e do meio ambiente, a liberdade de movimento, os direitos dos turistas e dos residentes, e os direitos e obrigações dos profissionais específicos do turismo e das respetivas autoridades. Pretende-se, assim, preservar o património natural e cultural, e garantir o bem-estar e a qualidade de vida das comunidades, potenciando uma melhor utilização dos recursos.

Referências:

Botezat, E. A. (2016). Fusing Economy, Ecology and Ethics in Tourism Management. Annals of Faculty of Economics, 1(2), 545-555.

GLOBAL CODE OF ETHICS FOR TOURISM adopted by resolution A/RES/406(XIII) at the thirteenth WTO General Assembly (Santiago, Chile, 27 September – 1 October 1999).

Holjevac, I. (2008). Business ethics in tourism – As a dimension of TQM. Total Quality Management. Vol. 19, No. 10, October 2008, 1029–1041

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