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“As futuras gerações não vão saber ir a um banco”. ACEPI discute o futuro da banca e seguros na era digital

Foi apresentado nesta terça-feira, na AESE, o Capgemini World Retail Banking Report e o Capgemini World Insurance Report e, que traça os desafios digitais para a banca e seguros.
  • Cristina Bernardo
22 Maio 2018, 17h38

Segundo o World Retail Banking Report, elaborado pela consultora Capgemini e pela Efma, apresentado nesta terça-feira na conferência da ACEPI com o tema “Banca e Seguros 4.0”, os bancos precisam de assegurar que têm uma implantação rápida de uma agenda digital integrada, colaborando com a FinTechs e aproveitando os seus pontos fortes e complementares de modo a proporcionar “uma excelente experiência aos clientes e assim garantir a sua fidelidade a longo prazo”, caso contrário os bancos podem perder clientes.

Tal como disse Ricardo Costa, CEO da Loqr, durante a conferência da ACEPI, “as futuras gerações não vão saber ir a um banco”.

Para o CEO da empresa de biométrica digital as Fintechs são criadores de tecnologias para as empresas de serviços financeiros, não são, na sua óptica, concorrentes dos bancos.

Embora os bancos mantenham uma base de clientes maior, em termos globais quase um terço dos clientes já usaram as FinTechs, nalgum momento, diz o estudo da Capgemini e Efma (European Financial Management Association).

As FinTechs, ao oferecerem serviços personalizados e de nicho, estão a proporcionar melhores experiências aos clientes do que os bancos tradicionais, lê-se também nas conclusões.

A análise refere que os bancos tiveram um sucesso limitado na inovação digital feita por via dos esforços internos, e por isso, colaborar com empresas da FinTech pode ajudá-los a superar esse desafio, considera a Capgemini e a Efma .

A maioria dos Bancos e das FinTechs caminham para a colaboração, dando origem a novos modelos de negócios e à maior confiança do cliente.

Além da colaboração, legislações como o PSD2 (diretiva de pagamentos) também exigem que os bancos abram os seus sistemas a terceiros, proliferando ainda mais o uso de APIs.

Os vários oradores da conferência consideraram que essa colaboração já existe e que a lei vem regular o que já existe. Basicamente a diretiva de pagamentos vem liberalizar os pagamentos na Europa, abrindo a novas entidades do setor financeiro e por isso também vai forçar a que todos os players tenham uma preocupação adicional com a segurança.

“Os bancos precisam de assumir a liderança na criação de um ecossistema que assegure que eles continuam a ser o principal ator. Os bancos precisam identificar o papel que desejam desempenhar no futuro e criar estratégias em conformidade para aproveitar as oportunidades que o Open Banking tem para oferecer, enquanto também olha para desafios que isso trará”, diz o estudo.

O Open Banking exige que os bancos repensem o seu modelo de negócios com relação à sua posição no novo ecossistema digitalmente conectado, e como eles querem lidar com a ameaça da desintermediação de terceiros, refere também o estudo.

Durante a conferência Tiago Oom, da Unicre, lembrou que “as Fintechs existem porque existem os bancos”.

APIs (Application Programming Interface) são essenciais para o futuro da banca
As APIs (Interface de Programação de Aplicativos) vão facilitar a colaboração entre bancos e FinTech, aprimorando o fluxo de informações entre todas as entidades conectadas entre si no novo ecossistema, resultando em novos modelos de negócios e ofertas focadas no cliente, diz o estudo.

No entanto, à medida que a prevalência de APIs cresce, será necessário que a indústria se concentre em padrões comuns de API para garantir a interoperabilidade dos diferentes stakeholders, bem como garantir a segurança dos dados, lê-se no documento

Durante a conferência foram debatidos ainda os novos modelos de negócio para a banca e novas fontes de receitas, com a intervenção de especialistas em banca digital dos bancos CGD, BPI, BCP e Crédito Agrícola.

No painel das Fintech, foi debatido o futuros dos meios de pagamento e as mudanças esperadas com a transição da diretiva PSD2.

Ricardo Costa da Loqr, a startup portuguesa que se dedica à digitalização, lembrou que cada vez mais os pagamentos são feitos através de telemóveis  (por exemplo através da aplicação Apple pay), os cartões continuam a ser usados, mas cada vez mais como segurança, para usar apenas para o caso de falha de rede ou de bateria.

O responsável pela Mastercard Portugal, Paulo Raposo, disse que em 2020 haverá 6 mil milhões de smartphones e 20 mil milhões de outros devices.

Por outro lado, Sebastião Lancastre da Easypay lembrou que com a transposição da diretiva de pagamentos vão passar a existir transferências instantâneas. Isto é, por exemplo, “os salários vão chegar ao mesmo tempo em todas as contas independentemente do banco em que os empregados tenham conta”.

Capgemini World Insurance Report conclui que 30% dos clientes vão comprar seguros à Amazon e à Google

Foi lançado hoje o World Insurance Report 2018, elaborado pela consultora Capgemini e pela Efma, na conferência da ACEPI com o tema “Banca e Seguros 4.0” que decorreu na AESE. O que nos diz o estudo? Diz-nos que cerca de 30% dos clientes estão dispostos a adquirir seguros às BigTechs como a Amazon e a Google (mais 12% do que em 2015). O que obriga as seguradoras tradicionais a criarem modelos operacionais capazes de se desenvolverem no futuro e de responderem às novas preferências dos consumidores.

As BigTechs (grandes empresas tecnológicas multinacionais como Amazon, Google, Facebook, Apple e Alibaba) estão a entrar no mercado segurador. Pois planeiam aproveitar erros do setor segurador para conquistar mercado.

O Estudo diz também que melhorando a agilidade digital e desenvolvendo modelos operacionais evolutivos, as seguradoras poderão reter e fidelizar os seus clientes, para enfrentar a disrupção provocada pela entrada de novos players no setor.

O estudo investiga ainda o atraso das seguradoras por comparação com os seus pares do setor bancário na capacidade de oferecer experiência digital aos clientes.

As companhias de seguros surgem dm terceiro lugar no ranking da experiência do cliente, depois do setor do retalho e da banca.

É a evolução da preferência dos clientes que estimula os investimentos das seguradoras em serviços ágeis e digitais. Segundo o estudo mais de 80% das seguradoras diz que a evolução da preferência dos clientes é o principal motor dos serviços ágeis e digitais e por isso vão investir nesta indústria. Perto de dois terços das companhias estão a testar smart watches e wearables; mais de um terço estão a disponibilizar soluções telemáticas e mais de 55% estão a investir em reconhecimento de voz blockchain, sendo os processos robóticos de automatização a tecnologia digital mais implementada nesta área.

O World Insurance Report 2018 abrange os três principais ramos de seguros, vida, não vida e saúde  e foi realizado em 20 países.

 

 

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