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“As pessoas sentem que os robôs estão a cuidar delas, mas é o software”

A “Sanbot”e o “Manuel” são caçadores de talentos, hospedeiros e assistentes sociais.
  • Tyrone Siu/Reuters
24 Março 2019, 14h00

Os robôs podem ser professores, hospedeiros de eventos, auxiliares em lares de idosos ou dançarinos do Bruno Marz. Pelo menos, a “Sandbot”, da fabricante chinesa Qihan, é capaz de ter este conjunto de profissões. Depois de conhecermos este robô social percebemos que os seus 20 quilogramas e 90,2 centímetros não fazem ‘dele’ uma fraca figura, porque tanto é capaz de lembrar as horas da medicação como servir cafés, brincar e testar a memória das crianças e idosos. O sistema tem alarmes e notificações para os utentes que têm de tomar ‘x’ comprimidos e funcionalidades para medir a quantidade de água que alguém deve beber diariamente.

Em muitos casos, estas soluções já estão disponíveis nos smartphones de grande parte dos portugueses, mas o responsável pelo departamento de robótica da Beltrão Coelho refere que a particularidade é o facto de se tratar de um robô. “A grande diferença aqui é o robô, o passar a ideia de que a pessoa está a interagir e a controlar. Como ele mexe a cabeça, gira e consegue ouvir e perceber algumas coisas, a pessoa sente que pode falar e que é o robô que está a cuidar dela, mas na verdade ‘quem’ está por trás é o software”, explica Eduardo Lucena ao Jornal Económico.

Pensado para ajudar a potenciar o negócio das empresas nos ramos da educação, saúde e bem-estar e turismo, a Sanbot “é um auxiliar aos assistentes sociais”. “Depois tem aplicações para crianças, com jogos didáticos. Também recebe os convidados nos eventos”, afirma o porta-voz desta tecnológica portuguesa já septuagenária. Ou seja, numa visita a uma exposição de arte, as pessoas que chegam à galeria podem ter este pequeno aparelho andante a informá-las sobre os artistas e as obras, a localização das salas, etc.

No primeiro semestre de vida em Portugal, o aparelho fez demonstrações em concessionárias de automóveis e em shoppings; auxiliares de professores em robótica, machine learning e mecatrónica; e participou em mais de uma dezena de eventos como promotor de vendas, entre outras tarefas. É o adeus anunciados aos empregos? A Adecco acredita que não. A empresa de recursos humanos e o Instituto Cuatrecasas defendem que a robótica não tem de comprometer o mercado de trabalho e que o efeito da mesma na redistribuição de tarefas pode ser bem-sucedido se houver uma aposta na formação dos trabalhadores por parte das organizações.

A própria Adecco deu as boas-vindas ao “Manuel” nos seus escritórios, para dar ímpeto aos processos de recrutamento. É ele – e a sua tecnologia RPA, diga-se – que faz análise de bases de dados, interage com os candidatos, verifica e preenche automaticamente anúncios de emprego em sites, e é capaz de enviar 134 emails em sete minutos. Segundo a empresa, os seus colaboradores estão mais produtivos e “libertos” para outros trabalhos. Resta saber como é que os funcionários poderão competir (ainda mais) com esta concorrência que chega de rodinhas e precisa de bateria.

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