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BCE abre as portas a novas subidas dos juros na Europa

A Reserva Federal norte-americana manteve inalteradas as taxas de juro mas sinalizou uma nova revisão em alta. Aparentemente, o BCE, bom aluno, não quer ficar atrás.
21 Setembro 2023, 09h30

Na sequência da decisão da Reserva Federal dos Estados Unidos de não mexer nas taxas de juro mas avançar mais um aumento até ao final deste ano, surge agora uma voz do Banco Central Europeu a abrir as portas a um novo aumento do preço do dinheiro na Europa. O irlandês Gabriel Makhlouf, membro do conselho de administração da instituição monetária europeia, disse, em entrevista ao jornal “Irish Independent”, que ainda poderá haver mais uma subida das taxas em outubro. Mais ainda, rejeitou a possibilidade de cortes na primavera.

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Recorde-se que na semana passada o BCE aumentou as taxas pela décima vez – numa altura em que muitos economistas consideram que já é tempo de inverter, ou pelo menos de parar, o movimento de encarecimento dos financiamentos. Mas, com o BCE a ir sistematicamente ‘a reboque’ das decisões da Reserva Federal – o que não sucede, por exemplo, com o banco central japonês – o facto de a autoridade monetária norte-americana ter aberto as portas a um novo aumento, é o argumento que o banco europeu precisava para manter a pressão.

Isto numa altura em que vários economistas afirmam que já é tempo de inverter a tendência – ou, pelo menos, de entrar numa fase de manutenção das taxas. Os empresários têm afirmado repetidamente que já não aguentam por muito mais tempo o encolhimento do consumo – o que inevitavelmente vai acabar por repercutir-se nos níveis de desemprego, que irão sofrer um choque em alta.

O próprio governo português começa a dar mostras de algum desconforto. Numa visita sectorial na semana passada, o secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, afirmou esperar que o aumento das taxas de juro entrasse numa fase de paragem e de posterior abrandamento. Na mesma ocasião, o presidente da Associação Têxtil e do Vestuário (ATP), Mário Jorge Machado, afirmou que as empresas esperam com ansiedade a reversão do afunilamento dos financiamentos, sob pena de os investimentos terem de parar.

Há mesmo alguns economistas que questionam se as decisões do Banco Central Europeu têm de facto contribuído para a diminuição da inflação. Há quem diga que não. Mas outra debate está neste momento a formar-se: por que razão os 2% de inflação passaram a ser o número mágico que serve de barreira ao BCE? Debates do género já sucederam antes: no quadro da crise provocada pela Covid, os economistas também criticaram os 3% como barreira para o défice dos PIB dos 27. Quem prova que os 3% são a medida certa? Quem disse que uma inflação de 2% é o ajuste anual certo? As respostas são cada vez mais divergentes.

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