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BCE continua rumo de descidas com quinto corte seguido de juros

A inflação até tem vindo a acelerar, dado o fim de efeitos base favoráveis criados pelas medidas de contenção do lado energético em 2023, mas a atividade continua a desiludir, obrigando o banco central a uma postura mais acomodatícia.
30 Janeiro 2025, 13h15

O Banco Central Europeu (BCE) voltou esta quinta-feira a baixar os juros diretores na zona euro em 25 pontos base (p.b.), ou seja, em linha com o esperado pelo mercado, dando novo sinal de que a prioridade será dar suporte a uma economia estagnada face a uma luta contra a inflação relativamente controlada.

A taxa de referência para a moeda única fica assim em 2,75%, o nível mais baixo desde o início de 2023 e já bastante abaixo do pico de 4,5% registado no atual ciclo restritivo, fruto de cinco descidas consecutivas. Esta decisão estava já a ser completamente incorporada pelo mercado, que atribuía 100% de probabilidades a uma reunião sem novidades.

A inflação até tem vindo a acelerar, dado o fim de efeitos base favoráveis criados pelas medidas de contenção do lado energético em 2023, mas a atividade continua a desiludir, obrigando o banco central a uma postura mais acomodatícia. Os dados do crescimento no último trimestre de 2024 foram conhecidos horas antes do anúncio do banco central, mostrando uma economia estagnada.

O PIB da zona euro manteve-se estável em relação ao trimestre anterior, enquanto o da UE avançou 0,1%, um valor consistente com uma economia estagnada. Já olhando para o ano que fechou, a primeira estimativa aponta para um crescimento de 0,7% na zona euro e de 0,8% na UE, ou seja, em linha com as projeções do BCE para 2024.

Junta-se a isto a incerteza interna criada pelas eleições na Alemanha e em França, bem como a externa fruto da possibilidade de tarifas vindas dos EUA, o que traz o foco do BCE para a economia real e a necessidade de apoiar o crescimento, apontam os analistas.

A atenção do mercado estará virada, portanto, para o discurso de Lagarde, argumenta a Ebury. Apesar de se afigurar pouco provável qualquer forward guidance da presidente do BCE, os “comentários dovish recentes de boa parte dos decisores” do banco central aumentam a importância das palavras de Lagarde, que deverá sinalizar “uma ênfase mais forte no crescimento”, dada a fraca prestação da economia europeia.

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