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BCE terá de lidar com tarifas e impulsos orçamentais e pode subir juros em 2026

Segundo uma análise dos especialistas do BNP Paribas ao contexto macroeconómico internacional, o BCE terá de lidar com estes dois grandes choques nos próximos tempos: as tarifas e as tensões comerciais e o impulso orçamental da aceleração da despesa pública em Defesa e infraestruturas.
18 Março 2025, 13h15

A economia europeia terá de enfrentar impactos das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos da América (EUA), mas vai também começar a colher resultados da maior despesa pública, que traz impulsos orçamentais e poderá levar o Banco Central Europeu (BCE) a subir juros em 2026.

Segundo uma análise dos especialistas do BNP Paribas ao contexto macroeconómico internacional, o BCE terá de lidar com estes dois grandes choques nos próximos tempos: as tarifas e as tensões comerciais e o impulso orçamental da aceleração da despesa pública em Defesa e infraestruturas.

A curto prazo, as tarifas serão o principal fator a produzir efeitos, podendo colocar pressões na inflação e também no crescimento económico, de acordo com Paul Hollingsworth, diretor de Economia de Mercados Desenvolvidos do BNP Paribas Markets 360.

Perante este efeito, é esperado que o BCE continue a trajetória de cortes nos juros este ano, sendo a expectativa de ainda avançarem reduções em abril e junho para uma taxa a rondar os 2%.

Com o avançar do tempo, porém, a dimensão os gastos públicos pode ter efeitos multiplicadores fortes e criar uma maior dinâmica para a atividade económica na Zona Euro, o que pode mesmo levar o BCE a contemplar subidas de juros mais para a frente, possivelmente já no próximo ano.

A mesma expectativa é avançada por Sam Lynton-Brown, diretor global de Estratégia Macro do BNP Paribas Markets 360, que indica que “subidas de taxas pelo BCE em 2026 são uma possibilidade”.

O analista considera que os planos de despesa, como por exemplo o fundo alemão e o plano de armamento da Comissão Europeia, que prevê um aumento das despesas dos Estados-membros em defesa para 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), são um ‘game changer’ para a economia e também para os mercados.

Na Alemanha, os conservadores e os sociais-democratas, prováveis parceiros de coligação no próximo Governo, estão a propor um relaxamento das regras da dívida em prol de despesas militares e de regiões, bem como um fundo especial de 500 mil milhões de euros ao longo de 10 anos para renovar infraestruturas.

Ao nível comunitário, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou no início do mês querer mobilizar 800 mil milhões de euros para investimento na defesa europeia.

Em causa está o plano Rearmar a Europa, assente em cinco vertentes para uma Europa segura e resiliente: um novo instrumento ao nível da UE para circunstâncias extraordinárias (como que foi criado para assistência financeira aos países em empréstimos a condições favoráveis durante a covid-19 para evitar o desemprego), a ativação da cláusula de salvaguarda das regras orçamentais para evitar procedimentos por défice excessivo (face ao aumento da despesa pública com defesa, num máximo de 1,5% por ano), reafetação de verbas de outros fundos como da Coesão), verbas do BEI e ainda capital privado.

 

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