Primeiro um bocadinho de história. O artigo do Financial Times conta como o Chiado renasceu das cinzas, depois de ter sido destruído pelo incêndio que deflagrou há 29 anos e que foi o pior desastre a atingir Lisboa, depois do terramoto de 1755. “Um bairro renascido”, e reconstruído depois com a assinatura de Álvaro Siza Vieira.
Foi ele, para quem não sabe, que desenhou a obra que levantou o Chiado das cinzas de 1988. Foi ele que pensou ‘o Chiado ao detalhe’ – nome do livro que seria editado mais tarde pela Babel – com o plano de recuperação urbanístico e arquitetónico daquela zona da cidade, numa altura em que estaria longe de imaginar que, 29 anos depois, seria motivo de elogio no Financial Times.
Mas, afinal, o que é que o Chiado tem? Tem José Avillez, o que para o Financial Times não é coisa pouca. Apresentado como o chef português que abriu, no Largo de São Carlos, o primeiro restaurante a receber duas estrelas Michelin: o Belcanto. Apesar de tudo, para Melissa Lawford, que assina o artigo, imperdível – mesmo – não é um prato do estrelado Belcanto, mas sim um petisco de autor da Taberna, um dos restaurantes que ocupa parte do antigo edifício do Convento da Trindade, no Bairro do Avillez.
Depois de abrir o apetite ao leitor com a sugestão “da sanduíche de leitão com pickles e salicórnia em bolo do caco”, um bocadinho de cultura. Uma das cinco coisas que vale mesmo a pena no Chiado, para o Financial Times, é uma visita à livraria “mais antiga do mundo”, a Bertrand Livreiros, fundada em 1732. Irresistível também é tomar um café na companhia de Fernando Pessoa, n’A Brasileira, na Praça Luís de Camões. Um clássico.
Para os boémios, o Chiado é passagem obrigatória, diz o jornal, que aponta o Teatro Nacional São Carlos como o expoente máximo. Lembra sobretudo o mês de julho, quando o teatro organiza no largo em frente, o Festival ao Largo, e durante semanas todos podem ‘culturar-se’ de performances musicais e dança, da Companhia Nacional de Bailado e do Teatro Dona Maria II. Tudo ao ar livre, e com entrada livre.
Quase sem sair do mesmo quarteirão, mais um bom motivo para viver o Chiado: o Museu Nacional de Arte Antiga, e as suas riquíssimas coleções que vão desde o romantismo do século XIX, ao Neo-realismo da década de 40 de Júlio Pomar, ou à contemporaneidade assinada por Joao Pedro Vale.
E se juntarmos três coisas tão simples num só espaço? Para o Financial Times isso significa guardar-se para o Purista Barbière, uma “bar-bearia”, onde é possível “desfrutar de uma cerveja, ouvir jazz ao vivo, ao mesmo tempo que corta o cabelo”. Pura modernidade e o quinto motivo para viver no Chiado.
Isto claro, se puder pagar mais de 10 mil euros o metro quadrado, para comprar casa. Mas isso o Financial Times não diz, e só nós – portugueses – é que sabemos.
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