O Banco Europeu de Investimento (BEI) vai financiar com 1.600 milhões de euros a nova ligação elétrica entre Espanha e França no Golfo de Biscaia, que considera estratégica para a Península Ibérica e o resto da União Europeia.
O projeto para o Golfo de Biscaia é “um projeto de referência para o sistema elétrico europeu”, disse o BEI, num comunicado divulgado hoje.
O BEI vai destinar 1.600 milhões de euros a este projeto e foram assinados hoje, no Luxemburgo, os acordos entre todas as partes para a concretização deste financiamento, segundo o mesmo comunicado.
A nova ligação, submarina, vai aumentar a capacidade de intercâmbio de eletricidade de 2.800 para 5.000 megawatts (MW), “melhorando a fiabilidade do fornecimento de energia entre França, Espanha e Portugal”, defendeu o BEI.
Com uma extensão total e 400 quilómetros, será a primeira ligação elétrica submarina entre Espanha e França e foi classificada como Projeto de Interesse Comum pela União Europeia (UE).
A previsão é que entre em funcionamento em 2028 e a construção será concretizada pela Inelfe, uma empresa conjunta da espanhola Red Eléctrica e da francesa Reseau de Transport d’Électricité.
A presidente do BEI, Nadia Calviño, citada no comunicado divulgado hoje, considerou este projeto para o Golfo de Biscaia “fundamental para a Península Ibérica deixar de ser uma ilha energética” e disse que vai traduzir-se “numa mudança muito importante do ponto de vista da integração energética, um âmbito fundamental para a competitividade e a autonomia estratégica” da UE.
“A Europa precisa de sistemas e mercados energéticos mais integrados e interligados. É crucial para garantir que os nossos cidadãos tenham acesso a abastecimento limpo e estável, onde quer que estejam”, disse, por seu turno, o comissário europeu da Energia, Dan Jørgensen, citado no mesmo comunicado.
Os governos de Portugal e Espanha pediram em 21 de maio à Comissão Europeia um “compromisso político e financeiro firme” para avançar com interconexões entre a Península Ibérica e o resto da UE, após o apagão de 28 de abril.
“Isso exigirá um salto adicional na interconectividade e um investimento substancial na infraestrutura da rede elétrica europeia”, vincaram os ministérios do Ambiente e Energia de Portugal e da Transição Ecológica de Espanha numa carta endereçada ao comissário Dan Jørgensen.
Os dois governos pediram a realização, “ainda este ano, de uma reunião ministerial, na qual, em conjunto com França e a Comissão, se possa acordar um roteiro com marcos e passos concretos a seguir para alcançar os objetivos europeus para 2030 e 2040” e “prioridade reforçada e urgente à concretização destas infraestruturas críticas”.
Portugal e Espanha sublinham que o apagão de abril demonstrou “a necessidade urgente de acelerar a conclusão das interligações elétricas com a Península Ibérica”, bem como “a importância da interconectividade no sistema elétrico europeu em situações críticas”.
O Governo português tem vindo a defender um aumento da interligação energética de Portugal com o resto da UE para 15% até 2030, através da construção de mais interligações.
A Península Ibérica tem atualmente uma conectividade abaixo dos 3% com o resto da UE.
De acordo com dados da Comissão Europeia, são necessários 584 mil milhões de euros para a reforma das redes de eletricidade nesta década, montante que inclui interconexões transfronteiriças e a adaptação das redes de distribuição à transição energética.
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