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Bia Caboz: “A Madeira para mim foi o começo de tudo”

Bia Caboz lançou o single ‘Vai Vaguear’ a 27 de setembro. Este é um dos temas do álbum ‘Espiral’ que deve ser lançado no início do próximo ano.
Augusto Ribeiro
Augusto Ribeiro
9 Novembro 2024, 10h30

Bia Caboz tem sido um dos nomes que tem elevado a música madeirense a novos patamares. Lançou recentemente o single ‘Vai Vaguear’, um dos temas que faz parte do álbum ‘Espiral’, que deve ser lançado no início do próximo ano, como revela a artista em entrevista ao Económico Madeira.

Bia Caboz é uma artista multi-facetada e prova disso é que todos os temas que lançou são escritos e produzidos por si, para além de ter a capacidade para tocar vários instrumentos, e vai buscar influências a vários locais sendo o Brasil e África disso exemplo.

Bia Caboz considera que a Madeira está cheia de talentos. Tanto assim é que num dos videoclips um dos figurinos é uma criação @this.is.sous marca da madeirense Mariana Sousa, salienta a artista.

Lançou recentemente o single ‘Vai Vaguear’. De onde surgiu a inspiração para este tema?
O ‘Vai Vaguear’ é uma triangulação entre Brasil, África e Portugal.
Comecei a produzir esta música com um produtor de Afro, (Young Max) fiquei com o projecto inacabado durante algum tempo até perceber, no Brasil, que precisava de fazer essa triangulação numa música só, não só pela forma incrível como os ritmos se misturam, como o significado simbólico.
A batucada brasileira tem origens africanas, trazidas pela influência dos povos escravizados e agora sou eu que trago essas influências para Portugal, com a melodia fadista.

Em ‘Vai Vaguear’ a Bia Caboz acumula vários ofícios na medida em que é responsável pela letra, música e produção. Quais foram os desafios que encontrou ao conjugar neste single estas várias tarefas?

Todos os temas que lancei até agora e lançarei no álbum “Espiral” que já está pronto, são escritos e produzidos por mim.

Em alguns temas convido outras pessoas para se juntarem, mas a base parte sempre de mim, tanto na letra como na melodia, harmonia e produção.

Esse é o fio de ligação de todas as músicas do álbum, que vai sair no início do próximo ano.

Portanto o desafio não é só neste single, mas na carreira como um todo.

Ser artista, fadista, cantora, produtora, instrumentista, criadora de conteúdo, editora, designer, figurinista, estrategista de marketing e acreditar que tudo isto vai dar certo … é igualmente insano e prazeroso.

Para alguém que ainda não esteja familiarizado com a Bia Caboz como é que explicaria a sua música e por outro lado que tipos de inspiração e de influências é que encontra na altura de produzir música?

No fundo tudo começa no fado.

Eu produzo, e toco vários instrumentos, isso faz com que automaticamente eu tenha necessidade de procurar outras sonoridades, novos ritmos para somar a cada produção.

Eu sempre fui apaixonada pelo Brasil, estou ligada às escolas de samba há muitos anos, já cheguei a desfilar no sambódromo, na realidade essa foi a primeira razão pela qual fui ao Rio de Janeiro.

Depois dessa experiência percebi que a minha ligação com a cidade maravilhosa, não terminaria ali, decidi mais tarde passar uma longa temporada de dois anos no Rio a fazer uma emersão musical no meio da sonoridade carioca, que me ajudou a alargar a mente a novas possibilidades e assim acreditar que é possível misturar a tradição com novas influências.

A Madeira tem estado em alta no plano musical. Estou-me a lembrar assim de imediato da Bia Caboz, da Elisa, e de Van Zee. Do seu ponto de vista quais são os motivos que explicam este sucesso de artistas madeirenses? Há algo de especial nas ‘águas’ da Madeira?

A Madeira para mim foi o começo de tudo.

Foi na Madeira que comecei a produzir os meus primeiros concertos, mesmo antes de cantar nas casas de fado.

Acho a Madeira um lugar óptimo para ter posicionamento num bom palco.

Aqui em Lisboa isso não seria possível.

A Madeira está cheia de talentos, tanto na tradição como na inovação, não só na música como noutras áreas, o design é uma delas.

E neste videoclip fiz questão de usar dois excelentes exemplos.

Um dos figurinos é uma criação @this.is.sous marca da madeirense Mariana Sousa. Ela é a responsável pelo look da cena da sereia. Neste momento a marca “Sous” que já era conhecida a nível nacional expandiu também para o Brasil.

Tudo a ver com a história desta música. Outra artista exportação que foi contaminada pelas águas madeirenses.

E como não podia deixar a tradição de fora, decidi usar, na cena da biblioteca, uma camisa da “BORDAL” que carrega a tradição do bordado madeira para o mundo.

Para simbolizar a nossa alegria, usei o nostálgico colar de doces dos arraiais.

Acredito que o talento dos artistas madeirenses está muito associado ao facto de sermos um povo muito festeiro. A nossa ilha é um lugar feliz com boa qualidade de vida, e com mais tradições do que alguns países.
Crescer nesse ambiente é realmente inspirador.

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