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Bolsas à beira de um ataque de nervos. BCP e Galp sofrem derrocada de mais de 15%

Dia negro nas bolsas europeias. Ao novo coronavírus juntou-se agora o colapso das conversações da OPEP+, que provocou uma forte queda no preço do petróleo e uma derrocada nos mercados europeus. O BCP caiu 15,18% para o preço mais baixo desde 2017. A Galp tombou quase 17% e a Mota-Engil fechou a cair 14,21%. Na Europa, os índices de Milão e da Grécia perderam mais de 11%. Dólar derrapa e juros soberanos sobem.
9 Março 2020, 17h31

O PSI-20 sofreu a maior queda diária desde 2008, ao perder -8,24% para 4.286,52 pontos. As maiores quedas do índice couberam ao BCP e à Galp Energia, com o banco a perder -15,18% para 0,1201 euros (mínimo desde 2017) e a petrolífera a tombar 16,55% para 9,58 euros.  A petrolífera portuguesa foi arrastada pela queda abrupta do petróleo.

Os futuros do petróleo em Londres, apresentam uma descida de 20,45% para 36,01 dólares, após as conversações entre os membros da OPEP+ terem falhado em Viena.

Os produtores de petróleo estão agora livres para bombear à vontade a partir do próximo mês, depois de a Rússia se recusar a aceitar a proposta da Arábia Saudita, em reduzir a produção, com o objetivo de compensar o impacto da procura relativamente à crise do novo coronavírus.

A OPEP, Organização dos Países Produtores de Petróleo, propunha a redução em 1 milhão e 500 mil barris por dia, a iniciar em abril, tendo em conta a queda de 20%, na cotação do crude desde o início do ano. Tudo porque o efeito da epidemia com o coronavírus, provocou uma queda abrupta da procura de petróleo no último mês.

Perante a recusa da Rússia de participar na iniciativa, a Arábia Saudita decidiu aumentar a produção, dos atuais 10 milhões de barris/dia para supostamente 12,5 milhões de barris.

Nos Estados Unidos o crude West Texas cai 19,19% para 33,36 dólares.

A Mota-Engil tomba -14,21% para 1,020 euros; afectada pelo facto de estar exposta à economia angolana que é uma das principais vítimas do crash do preço do petróleo.

A Pharol recuou -12,82%; a Altri desceu -10,06% para 4,11 euros; a Corticeira Amorim que acaba de apresentar resultados de 75 milhões de euros em 2019 caiu -8,35%; os CTT perdem -8,35% para 2,04 euros; a EDP Renováveis fechou com perdas de -7,23% para 11,08 euros; a mesma perda teve a sua casa-mãe EDP que fechou nos 4,06 euros.

Hoje foi notícia que a empresa petrolífera Total analisa a compra dos clientes de eletricidade e gás da EDP em Espanha, segundo o jornal espanhol “El Confidencial”.

A Navigator perdeu -9,53% para 2,41 euros. Todos os títulos do PSI-20 fecharam com fortes quedas, sendo a REN a que menos caiu, mas mesmo assim perdeu -4,43% para 2,480 euros.

Os mercados europeus também fecharam a primeira sessão da semana em baixa expressiva. Pode dizer-se que hoje foi um dia negro para as bolsas.

“A quarentena imposta pelo governo italiano no norte do país (afetando mais de 16 milhões de pessoas), a queda dos preços de petróleo, depois das negociações da OPEP terem falhado, e a comunicação da Arábia Saudita afirmando que pretendem reduzir os preços do petróleo e aumentar a produção (gerando receios de uma guerra de preços) foram as principais condicionantes do mercado na sessão de hoje”, explica o analista do BCP Ramiro Loureiro.

“De realçar também que pela primeira vez na história, toda a yield curve para as U.S. bonds caiu abaixo de 1%”, acrescenta o analista do BCP.

Ramiro Loureiro destaca que “no plano macroeconómico o Indicador Sentix do mês de março atingiu o valor mais baixo desde abril de 2013 demonstrando um maior pessimismo que o esperado por parte dos investidores da Zona Euro”.

As perdas foram transversais a todos os setores no universo Stoxx600 com os de Banca e Oil & Gas a serem os mais penalizados (com a queda na yield e nos preços do petróleo a condicionar os setores respetivamente), detalha o analista.

As principais praças europeias fecharam em forte correção com as perdas a atingir os -11,17% no FTSE MIB de Milão para 18.475,9 pontos; e de -13,39% de queda na Bolsa de Atenas.

O EuroStoxx 50 deslizou 8,45% para 2.959,07 pontos. Londres viu o seu FTSE 100 cair 7,69% para 5.965,77 pontos; o CAC 40 perdeu 8,39% para 4.707,91 pontos; DAX desceu 7,94% para 10.625 pontos;  e o IBEX recuou 7,69% para 7.708,7 pontos.

A análise do BPI destaca que em termos setoriais, todas as áreas de atividade terminaram em baixa e com perdas expressivas. Destaque para o setor petrolífero que desceu mais de 16%, tendo a BP descido 19.48% e a Royal Dutch Shell 17.26%.

“Curioso é verificar o comportamento misto das transportadoras aéreas que, por um lado são as principais beneficiadas da descida do preço do petróleo, mas por outro têm vindo a ser altamente pressionadas pela redução do número de viagens de avião devido aos receios de propagação do coronavírus”, diz o BPI.

As menores quedas foram protagonizadas pelas empresas do setor alimentar e pelo farmacêutico, mas que ainda assim desceram mais de 5%.

Em termos macroeconómico a produção industrial alemã teve melhor desempenho que o esperado em janeiro e a balança comercial alemã reduz surpreendentemente o excedente em janeiro.

O euro valoriza 1,53% para 1,1457 dólares. O dólar afunda com o corte das taxas de juro americanas atingidas pelos receios do coronavírus.

Os juros portugueses a 10 anos disparam 8,5 pontos base para 0,385% acima da subida de Espanha que está nos 5 pontos base para 0,264%.

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