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BPI, Fidelidade e Meo precisam “de todas as gerações” para transição digital

Ironicamente ou não, as pessoas foram o assunto principal de um debate sobre tecnologia. Na Portugal Digital Summit 2024, banca, seguros e telecomunicações concordaram em uníssono que é preciso formar mais os da casa, nomeadamente em Inteligência Artificial.
transição digital tecnologia
23 Outubro 2024, 12h20

A sustentabilidade de uma empresa, seja de que indústria for, também está interligada com o desenvolvimento dos seus trabalhadores. Nesta era da transformação digital, com os negócios em constante mutação (ou automação), esse desígnio é ainda maior. A banca, os seguros e as telecomunicações estão conscientes disso, garantem três presidentes executivos de empresas de renome desses setores.

“Uma empresa que conecta pessoas, com oito milhões de clientes, também tem de estar centrada nas suas pessoas. Esta nova geração tecnológica vai alterar, como outras alteraram, a forma como nos organizamos e os perfis que procuramos. Como é que atualizo as competências dos trabalhadores neste momento de transição?”, questionou-se a CEO da Altice Portugal. “Precisamos de todas as gerações”, afirmou esta quarta-feira Ana Figueiredo, na Portugal Digital Summit.

Ana Figueiredo recordou que a MEO está num novo ciclo – por ser uma empresa de serviços para clientes, sejam empresas, individuais ou organismos públicos – e essa estratégia envolve ferramentas de Inteligência Artificial (IA). Por exemplo, nas operações de cliente, onde 40% das chamadas são atendidas por chatbots, e nas operações de rede para monitorização e resposta a incidentes.

O mesmo processo, embora personalizado para o negócio das companhias de seguros, está a viver-se na Fidelidade. No entanto, na opinião do CEO do grupo, a “IA não tem de transformar tudo em máquinas”. Nem se deve pensar que todos os problemas do mundo se devem à IA ou que todas as oportunidades do mundo são por causa da IA. Daí ver a companhia como itech e, simultaneamente, itouch.

“Precisamos de pessoas para que a tecnologia tenha o poder transformador do negócio de que precisamos. O nosso propósito é proteger as pessoas hoje e ajudar a preparar o seu futuro amanhã”, garantiu Rogério Campos Henriques, no debate chamado “The driving forces of tomorrow’s businesses: technology, sustainability and people”, moderado pelo diretor executivo da CNN Portugal / TVI, Pedro Santos Guerreiro.

“Não temos competência para implementar tecnologias com a rapidez que se calhar gostaríamos, mas não podemos desperdiçar o nosso talento. Temos de apostar a sério nas nossas pessoas, porque elas já lá estão. Vamos precisar muito delas”, referiu o CEO da Fidelidade.

O CEO do BPI enalteceu o facto de a maioria dos colaboradores com pelo menos três anos de casa se manter, mesmo neste contexto de transformação, e alertou para o investimento em sistemas de cibersegurança. “Um ataque bem executado a um banco acabava logo com ele”, advertiu João Pedro Oliveira e Costa.

Isto num momento em que as exigências de rapidez dos cidadãos também estão a crescer, tendo em que conta que antes iam duas a três vezes aos balcões por mês e hoje vão ao banco quatro ou cinco vezes por dia, porque têm-no no seu telemóvel. “Isso obrigou a banca a fazer um investimento brutal”, lembrou.

“Onde está a centralidade da inovação? Em nós, empresas? Nos clientes? Provavelmente, em nenhum dos lados, mas num meio caminho”, conjeturou. O banqueiro disse ainda que a pandemia gerou celeridade e tornou a instituição bancária mais rápida a responder aos clientes.

E aproveitou a ocasião para dizer que “a banca faz com que a sociedade que nós conhecemos exista em paz”. “Sei que o tema dos bancos envolve muita demagogia e populismo, mas a sociedade não vive sem bancos. Na Covid-19, estavam abertos supermercados, hospitais, polícias e bancos. Não me lembro de estar nenhuma fintech aberta disponível para financiar empresas e para dar resposta a créditos”, atirou.

A sessão de abertura desta conferência esteve a cargo do presidente da ACEPI – Associação da Economia Digital, Alexandre Nilo Fonseca, e da presidente da associação .PT, Luísa Ribeiro Lopes. Num ciberespaço com mais de 1,8 milhões de domínios “.pt”, precisamente 33 anos após ter sido criado o primeiro, a entidade gestora do domínio nacional acredita que ainda há espaço para crescer, como tem vindo a acontecer.

“Todo o digital fez um progresso espetacular. Atualmente, 75% das empresas optam por ter um domínio .PT e em 2003-2005 eram menos de metade, porque preferiram os .com por achar que seria uma coisa mais internacional”, lembrou Luísa Ribeiro Lopes.

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