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BPI tem 1.900 créditos à habitação reestruturados no valor de 243 milhões

Esses contratos representam 1,7% da carteira de crédito à habitação que atingiu os 14,3 mil milhões de euros no fim do primeiro trimestre. O que significa que aqueles contratos renegociados somam 243,1 milhões de euros.
5 Maio 2023, 14h15

O presidente executivo do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, revelou hoje durante a conferência de imprensa de apresentação de resultados do primeiro trimestre, que têm 1.900 contratos de crédito à habitação renegociados de clientes que o pediram desde que entrou em vigor o Decreto-Lei do Estado que estabeleceu medidas de acompanhamento e mitigação do aumento da taxa de esforço em contratos de crédito para aquisição ou construção de habitação própria permanente.

Esses contratos representam 1,7% da carteira de crédito à habitação que atingiu os 14,3 mil milhões de euros no fim do primeiro trimestre. O que significa que aqueles contratos renegociados somam 243,1 milhões de euros.

Neste grupo estão tantos os clientes que se enquadram no Decreto-Lei do Estado, quer os que não se enquadram, explicou o banco.

“O baixo nível de risco do BPI [rácio de Non-Performing Exposure de 1,6%] permite-nos ter uma atividade de apoio às famílias e às empresas”, disse o CEO.

Passadas mais de 16 semanas desde que o Decreto-Lei do Estado entrou em vigor, o banco diz que os pedidos têm diminuído. Nas primeiras quatro semanas tiveram 1.200 pedidos de famílias para reestruturar os créditos mas esse número foi diminuindo ao longo do tempo e o CEO disse que agora está abaixo dos 100 pedidos.  Pelo sim, pelo não o banco mantém um saldo acumulado no balanço de imparidades não alocadas no montante de 50 milhões de euros em março de 2023.

Até porque há uma parte da carteira de crédito que ainda não teve repricing e, por isso, alguns clientes ainda podem sentir um impacto na taxa de esforço, revelou o CEO que não espera para breve uma queda das Euribor.

“Os níveis de incumprimento dos clientes com crédito à habitação têm-se mantido e os níveis de poupança desses clientes no BPI também se mantiveram”, disse o CEO do banco salientando que esse é um indicador de que os particulares estão a conseguir ajustar-se à redução do rendimento disponível com enorme resiliência. João Pedro Oliveira e Costa não deixou de destacar a importância da manutenção dos níveis de emprego e dos aumentos salariais nalguns sectores.

O BPI revelou que o montante de ativos não produtivos (NPE) subiu ligeiramente nos primeiros três meses do ano para 590 milhões de euros (subiu 4 milhões de euros face a dezembro).

O custo do risco manteve-se em 0,20%. Sendo que as imparidades para crédito subiram de 21 milhões para 23 milhões de euros num ano.

O volume de imóveis recebidos em dação por cumprimento de crédito também é baixo no BPI. O valor apresentado soma dois milhões de euros (valor de balanço líquido) mas como está 96% coberto por imparidades o valor líquido de imparidades é de 80 mil euros.

Sobre a exposição a Fundos de Reestruturação, o banqueiro voltou a dizer que gostava de ter zero, mas ainda tem 23 milhões de euros, um valor muito inferior ao que detinham no passado.

O banco reportou ainda um aumento dos ativos ponderados pelo risco (RWA), denominador do rácio de capital, para 18,1  mil milhões de euros (+4,9% num ano), o que explica a queda dos rácios de capital. O CET 1 caiu de 14,8% para 14,3%; o rácio de capital total desceu de 18,9% para 18,3%. O banco justifica com “uma atitude de prudência”.

O presidente executivo do banco voltou a dizer que estão a gerar resultados, e que neste momento não precisam de emitir títulos de dívida sénior preferencial elegível para MREL (requisito mínimo de fundos próprios e créditos elegíveis aplicado aos bancos europeus com importância sistémica e que se traduz numa almofada financeira adicional para fazer face às dificuldades). “Para 2024 o requisito de MREL está resolvido, mas conforme forem evoluindo esses rácios, se for necessário algum tipo de emissão faremos, mas para já não temos nada programado”, disse.

O Banco Central Europeu (BCE) subiu ontem as principais taxas diretoras em 0,25%, seguido assim a política de contração monetária na zona euro para contrariar a inflação.

Os bancos emprestaram em março 1.795 milhões de euros em crédito à habitação, mais 448 milhões que em fevereiro, a uma taxa de juro média de 3,86%, um máximo desde junho de 2012, segundo dados de hoje do Banco de Portugal.

Segundo dados divulgados esta sexta-feira pelo Banco de Portugal, a taxa de juro dos novos créditos à habitação a taxa variável aumentou para 3,79% em março, 0,23 pontos percentuais acima dos 3,56% registados em fevereiro. A taxa de juros dos  novos créditos à habitação (contratos realizados nos últimos três meses) está a subir há 14 meses consecutivos.

No caso do BPI a carteira de crédito à habitação aumentou 6% num ano, para 14,3 mil milhões de euros. Mas a contratação de crédito hipotecário diminui 20% face ao período homólogo, alcançando cerca de 600 milhões de euros no trimestre.

O BPI atingiu uma quota de mercado de 16,8% na contratação acumulada até fevereiro de 2023, e a quota de mercado de crédito hipotecário em carteira ascendeu a 13,9% em fevereiro, o que representa um aumento de 70 bps anual.

O banco perspetiva que a procura de crédito venha a cair.

Na apresentação dos resultados do primeiro trimestre em que o banco revelou um ROTE recorrente em Portugal de 9,5%, João Pedro Oliveira e Costa chamou a atenção para os novos futuros administradores do banco que por não terem ainda a avaliação do regulador bancário concluída (o chamado processo de Fit & Proper) não estavam no evento como administradores. Trata-se de Susana Trigo, que será CFO (administradora financeira) e de Diogo Louro.

(Atualizada)

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