Francisco Carvalho, novo presidente do PAICV, maior partido da oposição em Cabo Verde, apresentou hoje ao congresso do partido a sua moção estratégica, com as legislativas de 2026 na mira, propondo ensino superior e cuidados de saúde gratuitos.
“Eu digo de forma clara e direta: [devem ser] gratuitos [os] cursos na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) e o acesso a cuidados de saúde. Eu consigo usar a palavra ‘gratuito’. Não falo em redução, nem parcial. Sou franco e direto”, afirmou Francisco Carvalho, durante a apresentação da sua moção estratégica, em língua cabo-verdiana, sábado, no segundo dia do congresso, que termina hoje, nas instalações da Uni-CV, na capital, Praia.
Sob o lema “PAICV para todos, Cabo Verde para todos”, o também presidente da Câmara Municipal da Praia afirmou que a “moção propõe uma visão estratégica assente em objetivos a curto, médio e longo prazo”.
Entre os problemas identificados, destacou os transportes interilhas, a educação e a justiça, afirmando que o país vive um aumento diário da exclusão social e criticando a governação do Movimento para a Democracia (MpD) nos últimos nove anos, o qual acusa de falta de visão estratégica e de transparência.
Defende medidas como a redução do número de deputados, revisão do sistema eleitoral, regionalização, concursos públicos para cargos de topo e controlo rigoroso do património dos titulares de cargos públicos.
“Só assim conseguimos conquistar a confiança dos cabo-verdianos”, apontou.
Promete ainda instalar equipamentos de TAC (Tomografia Computadorizada) em todos os municípios e isenção de pagamentos nos hospitais públicos, incluindo exames, internamentos, visitas e medicamentos.
“Cada município de Cabo Verde tem que ter um aparelho de TAC (…). Nos hospitais de Cabo Verde também não vão pagar para fazer TAC, nem os reagentes”, disse.
“Ninguém pode estar numa situação de afronta, assim”, acrescentou, em relação ao estado da saúde.
Francisco Carvalho prometeu reduzir os custos de transporte e facilitar a circulação de mercadorias, sobretudo para os pequenos comerciantes.
“É uma vontade política de fazer. Já que o problema das pessoas é o transporte, é pôr nas listas e assumir”, disse.
A nível externo, disse querer afirmar Cabo Verde como país útil e integrado na CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), valorizando o humanismo cabo-verdiano.
“O objetivo é construir um novo Cabo Verde, reconhecer tudo o que já foi feito ao longo dos 50 anos da independência, mas ir mais longe”, afirmou Francisco Carvalho.
O congresso ficou marcado por apelos à unidade interna, após a eleição de Carvalho a 25 de maio, com quase 62% dos votos.
“Francisco pode contar comigo (…) para que Cabo Verde ganhe em 2026. A jornada de disputa está encerrada, agora a nossa disputa é o MpD e Cabo Verde”, referiu Nuias Silva, candidato interno derrotado.
Francisco Pereira, outro candidato derrotado, também declarou apoio, referindo que Francisco Carvalho “é o futuro primeiro-ministro” do país.
O novo presidente agradeceu os apoios: “Têm sido feitos muitos apelos à união no PAICV. Já temos essa união. Agora estou em paz e sei que todos estão”.
O congresso, que se iniciou na sexta-feira, encerra hoje no centro de conferências da Uni-CV, na cidade da Praia, com cerca de 500 delegados do país e da diáspora.
É o primeiro desde as autárquicas de dezembro de 2024, em que o PAICV venceu em 15 dos 22 municípios.
Francisco Carvalho reforçou então a sua posição na Câmara da Praia e assumiu a liderança do partido, preparando-se agora para concorrer a primeiro-ministro nas legislativas de 2026.
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