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Cabo Verde operacionalizará acordo com Microsoft até final do ano

O executivo cabo-verdiano anunciou, no ano passado, a assinatura de um memorando de entendimento para desenvolvimento e apoio tecnológico nas áreas de “educação, governação digital e empreendedorismo” com o gigante tecnológico norte-americano.
20 Abril 2024, 09h21

Cabo Verde estará a operacionalizar até ao final deste ano o acordo com a Microsoft, assegurou à Lusa o vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, ao advogar que o país será um dos ‘hubs’ tecnológicos “mais importantes da África no futuro”.

“Estamos a ultimar [o acordo com a Microsoft], porque isso está ligado também ao início do funcionamento do nosso ‘Techpark’. Este ano ficará concluído. No próximo ano nós faremos um grande lançamento, portanto, até ao final deste ano estaremos já operacionalizar esse acordo com a Microsoft”, disse Olavo Correia à margem das Reuniões de Primavera 2024 do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington.

No ano passado, o executivo cabo-verdiano anunciou a assinatura de um memorando de entendimento para desenvolvimento e apoio tecnológico nas áreas de “educação, governação digital e empreendedorismo” com o gigante tecnológico norte-americano.

O memorando, celebrado em Nova Iorque, no final de setembro, colocou “foco no apoio à construção de um Centro de Excelência em qualificação e formação nas áreas de cibersegurança, privacidade, Power Apps e Inteligência Artificial, e ainda na promoção da conectividade digital das escolas, desenvolvimento da literacia digital, auxílio na implementação de infraestruturas e plataformas digitais, e na capacitação e desenvolvimento do governo eletrónico”, segundo um comunicado divulgado na ocasião.

De acordo com Olavo Correia, que é também ministro das Finanças e Fomento Empresarial, Cabo Verde tem já “condições excecionais para administração dessas empresas e para criar oportunidades para os jovens cabo-verdianos” dentro do país, acreditando que o ‘Techpark’ “será igual a um parque na Europa ou nos Estados Unidos ou em qualquer outro país desenvolvido”.

“Vamos seguramente fazer de Cabo Verde uma economia digital e uma nação digital”, frisou, defendendo que o Governo tem feito grandes investimentos para esse fim.

“Cabo Verde tem investido, só no nosso parque tecnológico ‘data center’, que vai funcionar este ano, (…) 54 milhões de dólares (50,6 milhões de euros). Investimos no cabo submarino da fibra ótica ‘EllaLink’. Já estamos com dois cabos e estamos a avançar para um terceiro cabo. Já estamos a investir também em toda a amarração do cabo submarino entre as ilhas, modernizando com um novo cabo em termos de capacidade para podermos avançar do ponto de vista da qualidade. Estamos também a avançar para o 5G”, enumerou.

Em entrevista à Lusa, Olava Correia defendeu ainda o investimento no capital humano, e em vários níveis de educação, para garantir ao país capacidade dedicada à economia digital.

“Estamos aqui a fazer grandes investimentos, só que, muitos deles, não produzem resultados imediatos. É preciso semear e ter a paciência e persistência para depois colher os frutos”, advogou.

Cabo Verde ambiciona também alcançar a governação digital, querendo atingir, em 2026, cerca de 65% de serviços públicos como serviços digitais, e 80% até 2030, disse o ministro.

Questionado pela Lusa sobre o facto de Cabo Verde estar a competir com mercados maiores onde também estão a ser construídos parques tecnológicos, como Dakar, Nigéria, Gana, entre outros, Olavo Correia defendeu que é uma questão de “perspetiva” e que num mundo tecnológico “não há países pequenos e países grandes”.

“Não acho que Cabo Verde seja um mercado pequeno. Quando olhamos para o território terrestre sim, mas se olharmos o território marítimo, Cabo Verde é uma grande nação marítima. Se olharmos para o mundo numa lógica digital, não há países pequenos ou países grandes, há países que dominam as tecnologias e países que não dominam as tecnologias”, apontou.

O ministro argumentou que se os países tiverem um bom quadro de governação, capital humano de elevada qualidade e boas infraestruturas “acabam por ser grandes países, porque são países conectados com o mundo”, e “se houver capacidade interna de produzir para exportar”, então Cabo verde estará “integrado no mundo global”.

“Estamos a começar já a dar passos importantes, mas temos que continuar a investir sobretudo na governança, na segurança cibernética, mas sobretudo nos talentos. Nos talentos cabo-verdianos, jovens e mulheres que estão no país e na diáspora, para poder fazer da economia digital um acelerador da dinâmica e desenvolvimento”, reforçou.

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