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Canadá: eleições antecipadas, fim da amizade com os EUA e a ameaça de Trump

O primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, lamentou o fim da amizade entre Canadá e Estados Unidos. O país já anunciou que vai impor novas tarifas alfandegárias sobre determinados produtos norte-americanos a partir de quinta-feira, em resposta à taxação sobre o aço e o alumínio.
Frank Augstein/Reuters
25 Março 2025, 09h45

Desde que Donald Trump tomou o poder, em fevereiro, que o Canadá tem sido um dos países visados com tarifas comerciais por parte dos Estados Unidos. Para piorar ainda mais a situação, o país vive a braços com uma crise política. Justin Trudeau tornou-se profundamente impopular entre os eleitores devido a uma série de questões, incluindo o aumento do custo dos alimentos e da habitação, bem como o aumento da imigração. Em janeiro deste ano, anunciou a demissão de líder do partido Liberal e de primeiro-ministro.

Mark Carney, ex-presidente do banco do Canadá e do Banco de Inglaterra, substituiu no poder Justin Trudeau e já convocou eleições antecipadas no país, para 28 de abril, afirmando que precisa de um “mandato forte” para lidar com a “ameaça” que representa o novo presidente norte-americano, Donald Trump.

O presidente norte-americano impôs tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio canadianos e ameaça aplicar tarifas generalizadas a todos os produtos canadianos – bem como a todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos – a 2 de abril. Para Carney, os canadianos já ultrapassaram o choque da traição, mas agora têm de cuidar de si próprios depois de se perceber que os povos deixaram de ser como irmãos. “E não fomos nós que mudámos. Infelizmente, as ações do Presidente Trump colocaram esse parentesco sob maior tensão hoje do que em qualquer outro momento da nossa história”, disse Carney.

Em resposta, as autoridades canadianas irão impor taxas alfandegárias de 25% sobre 29,8 mil milhões de dólares canadianos (18 mil milhões de euros) de importações norte-americanas, anunciou Dominic LeBlanc, ministro das Finanças canadiano, numa conferência de imprensa conjunta com outros ministros, realizada este mês.

Isto afetará principalmente produtos como computadores, equipamento desportivo e produtos de ferro fundido. LeBlanc deixou ainda claro que o Governo canadiano “pode impor” mais tarifas em resposta às ações do Governo Trump. “O nosso Governo continuará a trabalhar incansavelmente para convencer a Administração Trump a abandonar completamente estas tarifas, que são absolutamente injustificadas”, acrescentou LeBlanc.

Em janeiro deste ano, Justin Trudeau garantiu que “nunca, mas nunca” o Canadá fará parte dos Estados Unidos, em resposta às declarações do presidente eleito norte-americano, Donald Trump. “Nunca, mas nunca, o Canadá fará parte dos Estados Unidos”, frisou Trudeau, através da rede social X. “Nesta crise causada pelo Presidente dos EUA lamentamos a amizade perdida”, acrescentou Carney, lembrando que “os canadianos fizeram “coisas extraordinárias pelos norte-americanos quando estes precisaram”.

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