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Carlos Tavares deixa recados a Montenegro: linha ferroviária, renováveis baratas e apoio para comprar elétricos

Depois de ser anunciado que Governo prepara “pacotão” de apoio à economia, líder da Stellantis deixou vários pedidos ao primeiro-ministro, incluindo o uso do PRR para alargar rede de carregamentos.
3 Julho 2024, 07h30

O presidente-executivo do grupo Stellantis, Carlos Tavares, voltou a pedir ao Governo português ligações ferroviárias entre a fábrica de Mangualde e os portos e, também, energias renováveis mais baratas, depois de ser revelado que o executivo vai apresentar um “pacotão” de estímulo à economia e às empresas com 60 medidas.

O mesmo Carlos Tavares, há 10 anos, quando estava só no grupo PSA, tinha pedido ao então ministro da Economia, António Pires de Lima, uma ligação ferroviária ao porto de Vigo, na Galiza, em Espanha, e a redução dos custos da energia, que punham em risco a fábrica de Mangualde.

Questionado esta terça-feira, 2 de julho, sobre o que deseja a Stellantis em termos de programa de fomento, começou por destacar a “ligação ferroviária direta da fábrica de Mangualde ao porto de Vigo e ao porto de Leixões. Tomou o seu tempo, mas está a avançar”, começou por dizer Carlos Tavares, que apontou as vantagens ambientais e de custos. “Menos camiões na estrada, e é muito mais barato do que transportar com camiões”.

“Não está concluída ainda a última etapa de ligação direta à fábrica. Temos de levar os carros de camião. O ideal é uma ligação direta à fábrica, como noutras fábricas automóveis”, afirmou.

Um exemplo que pode ser dado é o da fábrica da Autoeuropa Volkswagen no distrito de Setúbal, com ligação à rede ferroviária nacional para escoar a produção pelo porto da cidade sadina.

O segundo ponto defendido pelo gestor português foram as energias renováveis mais baratas.

“O custo da energia não é competitivo, tem que baixar, tem que estar abaixo dos 70 euros/MWh. Quando estiver abaixo, precisamos de controlar a volatilidade, não pode estar para baixo e para cima. É preciso menos volatilidade no preço da energia”, afirmou em conferência de imprensa, na terça-feira, na fábrica de Mangualde.

“Já percebemos que temos de produzir a nossa própria energia. Em 2025, todas as nossas fábricas no mundo vão estar a produzir, pelo menos, 50% da energia que consomem, renovável”.

“A energia em Portugal é um factor de desenvolvimento para tudo. Se não aproveitarmos as renováveis de baixo custo, não estamos a tirar o máximo potencial do país”, rematou.

Em terceiro lugar, defendeu o apoio à compra de carros elétricos pela classe média. “Não queremos ajudas para a Stellantis, mas para o consumidor final. Se houver um pedido ao Estado: ajude as classes médias deste país a comprar veículos elétricos”.

“As ajudas na Europa andam entre 5.000 a 7.000 por automóvel e logo que param, a procura desaparece”, sublinhou.

Recorde-se que o Governo de Luís Montenegro ainda não tomou nenhuma decisão sobre se vai manter o cheque para a compra de carro elétrico.

Ao mesmo tempo, defendeu também a criação de mais infraestruturas de carregamento de veículos elétricos. “Se forem visíveis e com uma densidade elevada, vão permitir que os carros tenham baterias mais pequenas, autonomias mais pequenas, pois já não ficamos com ansiedade e o carro torna-se mais barato, e já não tem que se dar tantos subsídios”.

Neste sentido, deixou uma recomendação: “podem utilizar o PRR para acelerar a rede de carregamento, para ajudar as classes médias”.

A Stellantis Mangualde, no distrito de Viseu, arrancou com a produção de oito automóveis 100% elétricos.

A unidade industrial torna-se assim na primeira fábrica em Portugal a produzir, em grande escala, veículos de passageiros e comerciais ligeiros elétricos a bateria, com a saída dos primeiros modelos totalmente elétricos das suas linhas de montagem, anunciou hoje a multinacional sediada em Amesterdão.

Deste chão de fábrica vão sair oito modelos 100% elétricos nas versões de passageiros e comerciais ligeiros dos modelos: Citroën ë-Berlingo e ë-Berlingo Van, Peugeot E-Partner e E-Rifter, Fiat e-Doblò e Opel Combo-e, tanto para o mercado nacional como para exportação.

Recorde-se que a primeira fábrica automóvel a produzir veículos 100% elétricos foi a Mitsubishi Fuso no Tramagal, distrito de Santarém, que produz camiões ligeiros de transporte de mercadorias.

A companhia liderada pelo português Carlos Tavares antecipou em um ano o arranque da produção, com a produção em série a arrancar durante o próximo mês de outubro.

A nova odisseia da Stellantis, na fábrica inaugurada há 62 anos, contou com o “apoio do Governo” e com um investimento global de 119 milhões de euros ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), segundo a companhia.

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