A Mesa Nacional do BE, órgão máximo entre convenções, esteve hoje reunida em Lisboa para analisar os resultados eleitorais do passado domingo. De acordo com estes dirigentes, “a tese de que o insistente apelo a uma aliança de governo com o PS protegeu o Bloco da bipolarização é meramente auto justificativa da linha seguida, como os resultados eleitorais demonstram”.
Na opinião destes críticos, “na realidade, o que aconteceu é que esse apelo como eixo central da campanha do BE agravou as dificuldades preexistentes e impediu a polarização em torno de uma política de captação de votos em muitos setores populares revoltados contra a falta de respostas dos governos do PS e as iniquidades do sistema”.
“O líder do PS não quis demarcar-se dos governos anteriores e perdeu, o Bloco colou-se ao PS e não recuperou a confiança perdida ao longo do anterior ciclo eleitoral. O Bloco afastou-se da sua matriz”, acusam.
Uma das posições já assumida pela coordenadora do BE, Mariana Mortágua, sobre o resultado das legislativas de domingo – nas quais o partido manteve a representação parlamentar de cinco deputados – é a de que os bloquistas “resistiram”, aumentando a sua votação “em 35 mil votos”.
Para os críticos internos, este é um “balanço superficial”, que coloca “o patamar de comparação ao nível da maior derrota eleitoral do BE, a de há dois anos”.
“A conclusão a tirar é que o Bloco não conseguiu dar um passo na recuperação da confiança e da influência política e que isso teve a ver com a orientação tática da campanha incapaz de polarizar discurso e proposta”, defendem.
Para os membros da moção ‘E’, “não era possível fazer dominar o programa eleitoral e a campanha com uma declaração solene para um acordo de governação com o PS, insistindo nisso durante toda a campanha, e ao mesmo tempo criticar com coerência a desastrosa política praticada pelo PS”, defendendo que “aos olhos das pessoas era contraditório”.
“No novo quadro político pós-eleições, é fundamental ter humildade crítica sobre a linha política em que a maioria da direção persiste e que está a prolongar o anterior ciclo de maus resultados eleitorais e de definhamento da base do Bloco”, é defendido no texto.
Estes críticos internos consideram que se exige “debate político aberto, espírito autocrítico, respeito pela pluralidade e pelo funcionamento dos órgãos do Bloco”.
Pedem ainda que nas eleições europeias de 09 de junho, cuja cabeça de lista será Catarina Martins, o BE afirme “uma visão alternativa para a Europa”, defendendo a necessidade de “ser eurocrítico”.