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Católica no Porto impulsiona rede para valorizar leguminosas

Um primeiro passo na criação dessa rede, que se pretende seja suficientemente forte para ter impacto sobre a realidade, consiste numa experiência participativa entre a academia e os produtores.
20 Fevereiro 2021, 13h00

A Católica no Porto está a lançar um projeto interativo entre a ciência e o cidadão, único no país. O projeto assenta na criação de um consórcio de leguminosas, que reúna e permita o contacto entre todos os atores da cadeia de valor, desde o produtor até ao consumidor, passando pelo processamento e pela indústria.

“Queremos dar soluções para promover o aumento da produção de leguminosas no país e sustentar o mercado crescente de alternativas alimentares saudáveis e equilibradas, à base de proteína vegetal”, explica Carla Santos, investigadora doutorada do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade, ao JE Universidades.

Um primeiro passo na criação dessa rede, que se pretende seja suficientemente forte para ter impacto sobre a realidade, consiste numa experiência participativa entre a academia e os produtores.

Nesse sentido, a Escola Superior de Biotecnologia propõe-se apoiar seis explorações agrícolas que queiram implementar a plantação de leguminosas nos seus terrenos. Oferece dois mil euros e dá acompanhamento técnico, desde a sementeira até à colheita. O concurso está direcionado, nesta fase, para produtores agrícolas da região Norte, onde se localiza a Escola e as inscrições decorrem até 28 de fevereiro.

Como contrapartida, diz Carla Santos, “procuramos agricultores dinâmicos, com interesse na inovação e comunicação e na agricultura sustentável”. Só precisam estar disponíveis para partilhar o processo de colaboração com o projeto através de vídeos, entrevistas, fotografias e organização de ‘dias de campo’.

Feijão, grão de bico, fava, lentilhas, ervilhas… as leguminosas são excelentes fontes de proteína e fibra e uma alternativa à carne, proteína animal mais consumida. Fazem parte das nossas tradições alimentares e estão a perder-se. Os níveis de produção em Portugal são muito baixos e obrigam a recorrer à importação.

“Agora, mais do que nunca, a produção nacional deve ser priorizada e os produtores precisam de estímulos para conseguirem arrancar novas culturas e adotar novas metodologias que até agora não desenvolviam nas suas áreas de produção”, explica Carla Santos.

Segundo a investigadora, numa primeira fase, o projeto LeguCon 2021, que a Fundação Calouste Gulbenkian apoia, pretende “estimular o sector agrícola diretamente através do concurso participativo e de ações de formação. “Queremos também dar voz ao consumidor com consciência ambiental e aumentar a disponibilidade de proteína vegetal, priorizando a produção local”, acrescenta. Adianta que a longo prazo, a ambição é “aumentar a consciencialização ambiental e promover a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis”.

Se o conseguir estará a contribuir para a “convergência do país com as políticas agrícolas europeias, que destacam o papel dos agricultores na luta contra as alterações climáticas, na preservação da biodiversidade e no fornecimento de bens públicos vitais”. Portugal e o planeta agradecem.

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