Mário Centeno falava na apresentação do “Boletim Económico” de junho, no Museu do Dinheiro, em Lisboa, quando disse que a política monetária deverá manter-se restritiva durante algum tempo.
O responsável do supervisor bancário português afirmou que pode haver uma “maior previsibilidade” das taxas de juro após o verão.
As declarações de Centeno surgem um dia após a presidente do BCE, Christine Lagarde, ter afirmado ser “muito provável” que na reunião do Conselho de Governadores de julho seja decidido um novo aumento das taxas.
O governador do BdP reforçou que a política monetária do BCE é decidida reunião a reunião e baseada em dados, considerando que “fazer antecipações de resultados de reuniões não é um bom exercício nem para a credibilidade da política monetária nem do BCE”.
“As próximas reuniões do BCE são cruciais para isso [sobre a trajetória das taxas]. As reuniões vão ser tidas num contexto informativo que não é o de hoje. Vamos saber qual a inflação de junho, de julho”, assinalou, elencando ainda o reembolso pelos bancos relativo às operações refinanciamento de prazo alargado.
Para o governador do BdP, “a inflação é mesmo um sinal perturbador”.
“Temos de fazer todos coletivamente um esforço enorme para conter a inflação. O BCE tem o seu instrumento, que é a taxa de juro, que atua de forma muito clara na economia”, refere.
Mário Centeno sublinhou que o desafio maior que se coloca hoje é o facto de ter havido “uma subida muito rápida da taxa de juro”.
“Temos tido a necessidade de que essa subida nos levasse para território restritivo. Estamos a mudar de regime, de taxa de juro baixas e muito baixas e essa mudança de regime precisa de tempo”, afirmou. “Não temos tido esse tempo, temos de ter alguma cautela adicional sobre o que será o ajustamento”, acrescentou o governador do BdP.
Depois de a Reserva Federal norte-americana ter decidido, na terça-feira, manter inalterado o intervalo de taxa de juro de referência, o BCE voltou a subir as taxas de juro diretoras em 25 pontos base.
A taxa de juro das principais operações de refinanciamento subiu para 4%, a taxa de facilidade de depósito passou para 3,50% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez aumentou para 4,25%, com efeitos a partir de 21 de junho.
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