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CEO da Abaco Consulting: “Quem sabe interpretar dados atempadamente tem vantagem competitiva”

O diretor executivo da consultora tecnológica espera recrutar 40 pessoas este ano. “Contudo, sabemos que vai ser difícil na medida em que continuamos deficitários de profissionais qualificados no sector das tecnologias de informação”, afirma João Moreira ao Jornal Económico.
20 Janeiro 2021, 17h30

A consultora tecnológica Abaco Consulting vai reforçar a aposta em nearshore services, que ganharam maior preponderância com o teletrabalho, e dar especial atenção ao mercado internacional, em particular no Brasil, ao longo deste ano. Em entrevista ao Jornal Económico, o CEO garantiu estar confiante de que 2021 seja globalmente positivo para o mercado das tecnologias de informação (TI) e dos sistemas de gestão, que terão de se adaptar para responder aos modelos de negócio das empresas, que são agora “mais flexíveis, móveis e imediatos”.

“Estes serviços ganharam maior relevância neste contexto da pandemia e estas geografias assumem um papel relevante como plataformas de base local para prestação destes serviços. Não vamos ficar a aguardar o fim da pandemia para traçar o nosso rumo. Navegaremos na incerteza, mas com o rumo traçado”, afirmou João Moreira.

Em 2019, a Abaco Consulting faturou um recorde de 13 milhões de euros, mais 7% do que em igual período do ano anterior. Como fecharam as contas em 2020?

A Abaco Consulting teve uma evolução positiva na sua faturação em 2020. A este crescimento, que era já esperado, em grande parte devido ao crescimento consolidado dos projetos internacionais em que a empresa se encontra envolvida, soma-se ainda o lançamento de diversas iniciativas de negócio que têm como objetivo reforçar as operações da empresa nos verticais e mercados internacionais em que opera diretamente, ou naqueles para os quais exporta serviços. Em 2020, prevemos atingir um volume global de negócios superior a 14,5 milhões de euros, o que representa, face a 2019, um crescimento de 11%, em linha com as nossas previsões iniciais, mas acima da nossa expectativa revista após a pandemia. O resultado operacional deverá situar-se acima dos 9%, em linha com o ano anterior.

Esse montante é explicado por que fatores?

A combinação das competências de excelência em tecnologia SAP, conjugada com o conhecimento acumulado relativamente aos verticais com que a Ábaco trabalha – têxtil, vestuário e calçado, engenharia e construção, alimentar, automóvel, indústria de uma forma transversal, e mais recentemente no sector do agronegócio no Brasil, entre outros.

Quanto investiram em inovação e investigação? A verba será reforçada este ano?

Cerca de 300 mil euros. Apostar na inovação é um dos principais pilares, tendo em conta que procuramos estar sempre um passo à frente da nossa concorrência na utilização das ferramentas SAP, como por exemplo o novo ERP SAP S/4 Hana. A Abaco Portugal foi a primeira empresa a ter clientes em produtivo nesta solução, assim como a Abaco Brasil foi a primeira a ter uma referência S/4 Hana na América Latina. O grande desafio passa por criar um ecossistema de inovação envolvendo universidades, startups e parceiros tecnológicos. Constatamos hoje que a velocidade de transformação do negócio dos nossos clientes, e do mercado em geral, já não se coaduna com modelos de inovação fechados, exigindo uma abertura como forma de acelerar este processo extremamente exigente, e assim continuar a criar valor para os nossos clientes na implementação de projetos inovadores. Para 2021, temos já no nosso plano estratégico o reforço desse investimento em novas áreas superior a meio milhão através do lançamento da uma iniciativa de criação de projetos de co-inovação em estreita colaboração com clientes, parceiros tecnológicos, universidades e comunidade de investidores.

Em 2021 vamos reforçar o investimento em novas áreas, superior a meio milhão, através do lançamento da uma iniciativa de criação de projetos de co-inovação em estreita colaboração com clientes, parceiros tecnológicos, universidades e comunidade de investidores.

A última previsão da IDC aponta para que 65% do PIB global será digitalizado até 2022, gerando 6,8 biliões de dólares (5,6 biliões de euros) em despesas com TI de 2020 a 2023. Qual é a vossa visão em termos de tendências deste mercado?

Consideramos que é um sector que está em forte crescimento, até pelo investimento que tem sido feito nesta área. Existem cada vez mais empresas neste sector e, muitas mais se vão formando. O facto de apresentarem qualidade na sua oferta e rapidez de atuação tem permitido a muitas posicionarem-se além-fronteiras. E uma clara realidade, é que as empresas portuguesas que atuam na área da tecnologia, cada vez mais, têm uma maior reputação no estrangeiro. O lado bom de 2020 é que ficou marcado pelo grande impulso tecnológico que assistimos e pela maior aposta das empresas em digitalizar os seus processos e, sobretudo, pelo maior reconhecimento desta necessidade, o que permitiu não só o desenvolvimento de novos negócios, bem como a modernização de quase todos os verticais. Desta forma, consideramos que a tecnologia está a ser pensada para melhorar os resultados e a produtividade dos trabalhadores dando insights em tempo real. Os dados são, atualmente, a chave para o sucesso, pois, quem os sabe interpretar atempadamente, terá certamente uma vantagem competitiva no mercado. Prevemos também, que em 2021, o investimento continue a ser em áreas como cloud/SaaS (Software as a Service), Inteligência Artificial e RPA (Robotic Process Automation), uma vez que estas são áreas fundamentais e que, este ano, irão certamente continuar a desempenhar um papel importante para o crescimento de qualquer negócio.

De que forma pretendem reforçar o investimento no capital humano e o fortalecimento da vossa cultura organizacional?

Atualmente, a Abaco Consulting, emprega cerca de 230 colaboradores, espalhados pelos diversos escritórios. Em 2021, a Abaco irá manter a tendência crescente de processos de recrutamento de forma a reforçar o desenvolvimento de soluções verticais por área de negócio. Este ano, ambicionamos a incorporação de 40 novos talentos, ao longo do ano, para as diferentes geografias em que operamos. Contudo, sabemos que vai ser difícil na medida em que continuamos deficitários de profissionais qualificados no sector das TI, quer em Portugal, quer a nível mundial. Neste sentido, continuaremos a reforçar o nosso investimento na Abaco Academy com o objetivo de formar novos consultores, quer para integrar os nossos quadros quer para o mercado em geral.

Entre os sectores alimentar, têxtil (vestuário e calçado) e automóvel, qual o ‘core’ da consultora?

Neste momento o sector com maior preponderância na operação da Abaco em Portugal é o sector alimentar e automóvel, representado cerca de 40% do total. No caso do sector automóvel perspetiva-se que continue a crescer nos próximos anos porque é um sector que tem vindo a evoluir muito rapidamente resultado das necessidades desta indústria se transformar, não só pelos carros elétricos, carros autónomos e outras evoluções tecnológicas, mas também pelo próprio conceito de mobilidade das pessoas em geral. No caso do Brasil, o sector que continua a ter mais peso é o sector têxtil, vestuário e calçado, onde o conhecimento e especialização que temos nessa área nos permite dizer, sem arrogância, que somos dos mais competitivos a nível mundial. Portugal é reconhecido internacionalmente pelas suas competências neste sector.

Ambicionamos a incorporação de 40 novos talentos, ao longo do ano, para as diferentes geografias em que operamos. Contudo, sabemos que vai ser difícil na medida em que continuamos deficitários de profissionais qualificados no sector das TI

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