O Conselho de Finanças Públicas (CFP) alerta para a falta de prudência da previsão de crescimento do Governo, de 2,4%, lembrando a elevada incerteza global e o impacto negativo que a política comercial norte-americana terá sobre a economia portuguesa. O aviso surge após a atualização em alta da projeção relevante para Bruxelas, em que o Executivo reviu o crescimento esperado para este ano de 2,1% para 2,4%, um resultado possível, mas não o mais cauteloso neste ambiente internacional.
“Ponderados os riscos do cenário do Ministério das Finanças, a incerteza do panorama macroeconómico atual e as projeções existentes para a economia portuguesa, a previsão de um crescimento de 2,4% afigura-se como provável, mas não prudente”, lê-se no parecer do CFP relativo ao Relatório Anual de Progresso deste ano do Plano Orçamental Estrutural de Médio Prazo.
Em particular, a instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral destaca a “imprevisibilidade elevada resultante do aumento das barreiras alfandegárias”, argumentando que esta tendência se apresenta “como um dos principais riscos descendentes para as perspetivas de crescimento global, tanto no curto prazo, como a médio prazo”. No entanto, “as previsões apresentadas parecem obviar este potencial impacto, podendo ser interpretadas como se realizadas num momento anterior a este choque”.
As previsões do Governo foram feitas com a informação disponível até dia 26 de março, ressalva o documento, ou seja, antes do carrossel tarifário promovido pela administração Trump.
O parecer aponta o dedo às previsões relativas à componente externa, que mostram “uma taxa de crescimento das importações inferior à sua elasticidade histórica face à procura global”, e ao investimento, onde o Executivo antecipa um avanço de 1,7%, ou seja, bastante acima dos 1,3% de média das instituições de referência consideradas.
Por outro lado, no que respeita à inflação, a previsão de 2,4% é “a mais elevada entre as disponíveis, identificando-se um risco descendente associado à cotação recente nos mercados internacionais do preço do petróleo e à apreciação expressiva da taxa de câmbio do euro”, acrescenta o CFP.
O alerta do CFP é lançado no mesmo dia em que se ficou a saber que a economia portuguesa recuou significativamente no primeiro trimestre do ano, registando uma queda de 0,5% em cadeia. A expectativa dos analistas para estes três primeiros meses de 2025 era fraca, sendo expectável um abrandamento considerável, mas os resultados acabaram por ser ainda piores do que se previa.
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