O Conselho de Finanças Públicas (CFP) reviu em alta o crescimento esperado para este ano e o próximo, apontando agora a 1,8% e 2,4%, respetivamente, quando em abril apontava a 1,6% para 2024 e 1,9% para 2025. Também a inflação para este ano sofreu uma revisão marginal em alta, para 2,7%, enquanto do lado orçamental, na ausência de novas medidas, o saldo no final do ano será de 0,7% do PIB, um resultado bastante melhor do que os 0,3% projetados pelo Governo, tal como a dívida em 92,4%.
A atualização de outono das projeções macroeconómicas do CFP reconhece o abrandamento esperado para este ano, mas aponta a uma aceleração a partir de 2025 fruto do aumento do investimento público – uma consequência do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que se aproxima da fase final. A ajudar, “as medidas de política com impacto no rendimento disponível das famílias contribuirão para o dinamismo do consumo privado em 2025”, lê-se no relatório divulgado esta quinta-feira.
Com o fim do plano europeu de investimento em 2026, o crescimento português também sofre nos anos seguintes, refletindo precisamente o abrandamento do investimento público. Assim, o CFP aponta a uma queda do crescimento de 2,1% em 2026 para 1,6% em 2027, com os gastos públicos a recuarem de 4,1% em 2026 para 2,9% em 2027.
No que respeita aos preços, o perfil da inflação foi revisto em alta marginalmente por 0,1 pontos percentuais (p.p.) ao longo de todo o horizonte da projeção (até 2028), com exceção de 2025, mantendo-se a expectativa de uma inflação de 2,2%. No longo-prazo, o indicador fica em 2%, aponta o CFP, uma visão coincidente com uma inflação mais persistente do que anteriormente estimado.
Do lado orçamental, o CFP antecipa um excedente para este ano consideravelmente acima da projeção anterior, que salta de 0,3% para 0,7%. Reforçando que “esta projeção não pode ser interpretada como uma previsão”, mas antes como “a evolução provável das variáveis orçamentais na premissa de não alteração das medidas de política económica”, a instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral explica a revisão em alta com o “melhor desempenho da receita de impostos e de contribuições sociais”, sobretudo do IRC.
Nestes números “não se considera o impacto da proposta de alteração ao regime do IRS Jovem, nem a alteração ao IRC anunciada pelo atual Governo”, explicita o relatório, embora o CFP avance com um exercício de simulação do impacto da proposta de alteração do IRS no saldo e na dívida pública.
“A simulação aponta para uma redução significativa do excedente projetado em 2025 e o risco de regresso a uma situação de défice orçamental em 2026”, falando numa “deterioração do saldo orçamental em 0,3 p.p. do PIB face ao projetado no cenário em políticas invariantes”.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com