A Caixa Geral de Depósitos registou uma ligeira subida dos lucros para 893 milhões de euros no primeiro semestre do ano, de acordo com informação remetida à CMVM. Esta é uma subida muito ligeira dos lucros (+0,4%), face ao mesmo período do ano anterior, cifrando-se num incremento de quatro milhões de euros.
A rentabilidade dos capitais próprio ascendeu a 25,1%.
O banco público, liderado por Paulo Macedo, comunicou ao regulador dos mercados que este resultado foi “impulsionado pelo crescimento do volume de negócios, que mitigou o impacto da descida das taxas de juro na margem financeira do Grupo Caixa”.
A atividade doméstica contribuiu com 825 milhões de euros para o resultado consolidado e a atividade internacional com 68 milhões de euros.
Na atividade o destaque vai para a constituição de provisões e imparidades pelo BCI, em Moçambique, determinadas pela redução do rating da dívida soberana e o respetivo impacto no cálculo de potenciais perdas.
De entre as entidades internacionais, o BNU Macau, o BCI em Moçambique e o BCG em Angola foram as que apresentaram um maior contributo para o resultado líquido consolidado, com 28 milhões de euros, 18 milhões de euros e 10 milhões de euros respetivamente.
Nas contas consolidadas, a margem financeira consolidada registou uma diminuição de 143 milhões de euros (-10% face ao período homólogo), alcançando 1.283 milhões de euros. No seu todo, a atividade doméstica contribuiu com 1.025 milhões de euros para a margem financeira consolidada, dos quais 428 milhões de euros provenientes das atividades de tesouraria, gestão da carteira de títulos e das restantes entidades domésticas.
A redução da margem financeira é compensada de forma virtuosa pelo redução de imparidades revelou o novo CFO do banco, António Valente.
O BCE reduziu os juros em junho do ano passado essa mudança de política monetária traduziu-se em menos receita por via das aplicações de liquidez que a CGD tinha no banco central, mas também houve uma transmissão dessa política monetária às taxas de Euribor. “Esta redução dos indexantes do crédito à habitação associado a alguma redução do pricing pela CGD, resultou numa poupança para os clientes dos banco de 204 milhões de euros, ou seja, numa redução do seu esforço financeiro num ano.
No que toca às comissões houve um ligeiro aumento de 0,4% na atividade consolidada (+1% na atividade da Caixa Portugal), totalizando 290 milhões.
Os resultados de operações financeiras totalizaram 88 milhões de euros, valor igual ao registado no primeiro semestre de 2024.
Nos custos de estrutura consolidados recorrentes houve um aumento de cerca de 27 milhões de euros (+6%) face a
junho de 2024. Destaque para o aumento dos custos com gastos gerais e administrativos que subiram 17% o que é explicado pelo investimento em cibersegurança e em tecnologia.
O investimento que a CGD tem vindo realizar na transformação tecnológica e na melhoria do serviço explica os aumentos observados tanto em gastos gerais administrativos (+23 milhões de euros) como em depreciações e amortizações (+4 milhões de euros). Os custos com pessoal recorrentes registaram um aumento de 0,8 milhões de euros (+0,3%) relativamente ao ano anterior.
Deste modo o rácio de eficiência (cost-to-income) manteve o seu rácio de eficiência recorrente (abaixo de 30% nos primeiros seis meses de 2025, fixando–se em 29,0%. Ainda assim, piorou em relação ao primeiro semestre do ano anterior.
Com a diminuição de 15 milhões de euros nos resultados operacionais, os impostos sobre lucros diminuíram cerca de 4 milhões de euros (–1%) em junho de 2025, face a junho de 2024.
A Caixa voltou a destacar que em 2024 e 2025 já pagou ao Estado 1,3 mil milhões de IRC e irá ainda entregar mais de 400 milhões em pagamentos por conta de IRC referentes ao atual exercício, totalizando cerca de 1,75 mil milhões de euros.
No primeiro semestre o banco pagou em contribuições sobre o setor bancário e adicional de solidariedade de 29 milhões de euros.
Revela a CGD que o contexto macroeconómico e o reduzido valor do crédito vencido continuaram a proporcionar condições para a diminuição das provisões e imparidades neste período.
As provisões e imparidades para riscos de crédito diminuíram 4 milhões, enquanto outras provisões diminuíram 138 milhões influenciadas pelo reforço de 127 milhões de euros em 2024 associado ao mecanismo de compensação da transferência do Fundo de Pensões.
À semelhança do ocorrido no período homólogo de 2024, durante o primeiro semestre de 2025 a CGD registou uma
reversão de provisões e imparidades para riscos de crédito, na mesma ordem de grandeza.
O banco destaca a manutenção dos níveis de recuperação de crédito no primeiro semestre, em cerca de 37 milhões de euros em ambos os semestres de 2024 e 2025.
As curas e recuperações foram mais do dobro das entradas em NPL, revelou na conferência de imprensa o novo CFO, António Valente.
O custo de risco de crédito consolidado passou de –0,50% em dezembro de 2024 para –0,32% em junho de 2025.
O rácio NPL consolidado fixa–se em 1,47% o que é inferior à última média europeia divulgada (1,9%). “Ao nível da qualidade dos ativos, o rácio NPL consolidado caiu para 1,47% em junho de 2025 por comparação a dezembro de 2024, fruto da redução sustentada do crédito vencido e da orientação do novo crédito para as melhores classificações de risco”, refere o banco.
O rácio NPL, excluindo disponibilidades, foi de 1,86% registando uma redução de 55 p.b. face a junho de 2024.
Em junho de 2025 o rácio de cobertura de NPL cifrou-se em 167%.
CGD regista redução do stock de imóveis recebidos em dação
A CGD mantém a redução de exposição a ativos não core, a qual decresceu 18% face ao mesmo período de 2024. Assim, os imóveis registaram no último ano uma redução de 63 milhões situando-se em 207 milhões em junho de 2025.
Os fundos de reestruturação totalizam 111 milhões de euros, com uma diminuição de 11 milhões face ao período homólogo. Por último, as propriedades de investimento apresentam um valor de apenas 10 milhões de euros.
No Balanço, o ativo líquido consolidado da Caixa atingiu 106,38 mil milhões.
A propósito do volume de negócios, a Caixa atingiu um valor de 169 mil milhões de euros neste período, impulsionado sobretudo pelo crescimento de nove mil milhões de euros em Portugal, em comparação a junho de 2024.
O crédito subiu 3,6% na atividade consolidada para 55.443 milhões de euros e os recursos de clientes aumentaram 4,9% para 51.193 milhões.
No primeiro semestre, a carteira de Crédito a Clientes aumentou cerca de 2,3 mil mil milhões com crescimento quer nas Empresas e Institucionais (1,0 mil milhões), quer nos Particulares (1,3 mil milhões), cerca de 1,2 mil milhões no Crédito Habitação (saldo entre entradas e amortizações) e cerca de 100 milhões no Crédito ao Consumo.
O crédito ao consumo teve um aumento de produção de 34% face ao período homólogo.
No 1º semestre de 2025, é de salientar o aumento do crédito na atividade doméstica (+2.270 milhões de euros) com contributos de todos os segmentos.
Destaque para o novo crédito à habitação que registou um valor de 2.581 milhões de euros, no semestre, o que representa um aumento de 63%. O crédito à habitação com garantia do Estado para os jovens até aos 35 anos terá contribuído para isto.
Já no conjunto do crédito concedido a empresas e institucionais, o crescimento nos seis meses de 2025 foi de 997 milhões de euros, tendo a carteira alcançado os 21.881 milhões.
Em termos homólogos o crescimento foi de 1.483 milhões de euros (+7%).
O stock de crédito às PME na Caixa cresceu 2,4% no acumulado do ano, contra o crescimento residual de 0,2% verificado no mercado.
Do lado dos recursos, o banco destaca que em Portugal, houve um aumento nas empresas e institucionais (+1.482 milhões de euros), o que contribuiu para o aumento do total de recursos de clientes que registou 111.504 milhões (+1,3% face a dezembro de 2024), dos quais 23.719 milhões de euros são recursos fora de balanço.
Os depósitos de clientes aumentaram 5% para 112 mil milhões de euros, ou seja, mais 6 mil milhões, revelou a administração do banco.
Os depósitos na atividade em Portugal ascenderam a 77.354 milhões de euros, subindo 5% face ao período homólogo. Já o crédito em Portugal sobe 8% para 49.885 milhões. Em Portugal, e pela primeira vez, em 2025 o crédito líquido de imparidades excedeu o valor de 2016.
O banco destaca no mercado nacional, que o número de clientes digitais ativos ultrapassou os 2,45 milhões, abrangendo clientes particulares e empresas, o que representa 73% da base total de clientes, traduzindo um crescimento homólogo de 6%. Destaca ainda o crescimento sustentado do canal mobile, que superou 2 milhões de clientes, um aumento de cerca de 11% face ao período homólogo, consolidando a sua relevância junto dos utilizadores.
Rácio de liquidez e capital
Olhando para os rácios que medem a saúde financeira da CGD, no final de junho de 2025 o rácio Liquidity Coverage Ratio (LCR) situou–se em 323,1%, valor superior ao requisito regulatório de cobertura de liquidez vigente (100%).
No final do primeiro semestre de 2025, os capitais próprios eram de 10.756 milhões de euros, após a distribuição de 850
milhões de euros de dividendos ao acionista da Caixa, motivo pelo qual o capital próprio consolidado registou um
decréscimo de 132 milhões de euros (-1,2%) face ao final de 2024.
Os rácios CET1, Tier 1 e Total, situaram-se em 20,9%, 20,9% e 21,0% respetivamente (incluindo o resultado líquido do período, deduzido do montante dos dividendos relativos ao ano de 2024 (850 milhões) e do payout apurado para o primeiro semestre de 2025), cumprindo com uma cómoda margem os requisitos de capital em vigor para a Caixa. Estes rácios, superiores à média Portuguesa e Europeia.
O rácio de MREL apurado a 30 de junho de 2025 foi de 26,54% do total de ativos ponderados pelo risco e de 10,27% da exposição total do rácio de alavancagem, superando os requisitos.
O CFO destacou que o capital gerado desde a recapitalização foi de 6.850 milhões de euros, ou seja, 1,7 vezes o que foi injetado.
(atualizada)
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