É surpreendente o pouco destaque que os Planos Quinquenais da China merecem por parte da imprensa internacional e da generalidade dos analistas. Sendo verdade que já existem desde 1953 e que durante muito tempo não tiveram muita relevância para a economia mundial, nas últimas décadas a situação é bem diferente.
Isto porque, neste século, os Planos têm sido um mapa para a transformação da economia de um estilo soviético para uma “economia socialista de mercado” e observa-se um forte comprometimento em cumprir os seus objetivos. Analisar os Planos Quinquenais permite conhecer, com pouca margem de erro, quais os objetivos estratégicos da China.
O 14º Plano Quinquenal (2021-2025) dá enfase à autossuficiência em tecnologia – um pilar estratégico nacional. A China quer passar a ser o líder mundial da inovação, para que em 2035 seja responsável pelas maiores descobertas em tecnologias chave, e não quer depender de terceiros na fabricação de chips.
O objetivo de um desenvolvimento compatível com o ambiente é também mencionado. Líder desde 2004 nas emissões de carbono, a China pretende poluir menos no futuro e reconstruir áreas que tenham sido degradadas, o que é uma novidade. Tal como pretende continuar a aumentar o rendimento per capita para se chegar ao nível de países moderadamente desenvolvidos. Há também referências importantes à melhoria dos meios defesa nacional, à reintegração de Taiwan e à manutenção do statu quo em Hong Kong e Macau.
Haverá outros pontos a estudar neste 14º Plano e a forma como o país tem seguido os anteriores torna obrigatória a sua leitura por quem pretenda antecipar os movimentos estratégicos de um regime ainda muito opaco.