“Coco Chanel, além da moda”: mostra inédita chega ao Centro Cultural de Cascais

Coco Chanel fez mais do que desenhar roupa para mulher. Trouxe arrojo, estilo, liberdade de movimentos. As suas criações, revolucionárias para o seu tempo, inspiraram as mulheres a abandonar os excessos e o desconforto dos espartilhos da moda oitocentista em favor de um novo estilo livre, simples e elegante.

Na exposição “Coco Chanel, além da moda”, a curadora Maria Toral parte da trajetória da designer de moda francesa e conta a sua história a partir de fotografias pessoais de Chanel, de obras de arte – representativas das vanguardas artísticas da Paris do século XX – e de peças de vestuário que ostentam a emblemática camélia, flor símbolo da marca fundada por Gabrielle “Coco” Chanel há mais de um século e cujas criações continuam a influenciar a maneira como a moda é pensada.

A exposição, inédita em Portugal, é apresentada pela Fundação D. Luís I com o apoio da Câmara Municipal de Cascais no âmbito da programação do Bairro dos Museus, e estará patente de 20 de julho a 3 de novembro de 2024 no Centro Cultural de Cascais. Oportunidade para conhecer o universo mais íntimo da estilista e, também, as obras de alguns dos artistas com quem partilhou paixões, interesses e inspirações na Paris das primeiras décadas do século passado. Do cubismo ao dadaísmo, passando pelo surrealismo, a verdade é que todos estes movimentos ‘contaminaram’ outras áreas, da literatura à moda, da arquitetura à dança, ao teatro e, claro, às mais diversas artes plásticas.

Quem foi Coco Chanel e o que a marcou?

Empresária do mundo da alta-costura e da perfumaria, Chanel nasceu em 1883, em França. Batizada como Gabrielle Bonheur Chanel, passou uma infância difícil na região de Auvergne, tendo vivido com os tios depois de ter ficado órfã aos seis anos. A sua educação foi especialmente tradicionalista, mas isso não a impediu de, aos 16 anos, rumar a Paris, com a ajuda de um oficial de cavalaria milionário. Passou a privar com a alta sociedade parisiense, mas não se reviu nos espampanantes chapéus com plumas de avestruz da época. Montou uma pequena loja e passou a desenhar os seus próprios chapéus e, mais tarde, em 1914, abriu um estabelecimento maior na capital francesa.

Iniciou a carreira de estilista aos 26 anos, mas só começou a ‘dar nas vistas’ durante a Primeira Guerra Mundial, depois de ter desenhado os fatos de trabalho fabril para as mulheres que substituíram os homens que partiram para combater.

Na sua loja, Coco Chanel vendia roupa simples e confortável para mulher e alcançou grande sucesso porque soube ler as necessidades da época. Em cinco anos, a Casa Chanel passou a ser uma das mais conceituadas de Paris, e as suas criações, inspiradas nas roupas de homem para tornar as mulheres mais livres e independentes, conheceram uma enorme procura, apesar de serem tão caras como as da concorrência.

Com o ano de 1921 chegou, também, Chanel n.º 5. O perfume que rapidamente ganhou fama mundial, na altura, representou uma viragem no mercado, devido ao nome simples e à forma do frasco, de linhas retas, pouco usuais na época.

Em 1938, Coco Chanel retirou-se do negócio e afastou-se do mundo da moda durante cerca de 15 anos, reabrindo a Maison em Paris, em 1954, para ajudar a fazer subir as vendas dos perfumes com a sua marca. Lançou ainda uma coleção de fatos que, na época, não convenceu a crítica, muito embora pouco tempo depois muitos costureiros imitarem estas peças.

Na década de 60 não apresentou grandes novidades e optou por refinar o seu estilo, que consistia em blusas sem gola, saias levemente cintilantes e bainhas que nunca subiam do joelho. Entre as suas clientes mais famosas contam-se a princesa Grace e as atrizes Marlene Dietrich e Ingrid Bergman. Em 1971 morria uma das criadoras de moda mais influentes de sempre em todo o mundo, Coco Chanel. Mas o seu legado perdura.

A exposição “Coco Chanel, além da moda” pode ser vista de 20 de julho a 3 de novembro no Centro Cultural de Cascais.