A Cofina tencionava emitir 188.888.889 novas ações, através de uma Oferta Pública de Subscrição, para financiar a compra da Média Capital. Esta operação era “reservada a acionistas no exercício do direito de preferência e demais investidores que adquiram direitos de subscrição” e o preço de subscrição foi fixado em 45 cêntimos. Mas a empresa de Paulo Fernandes acaba de anunciar ao mercado que “terminado o período da oferta pública de subscrição de 188.888.889 novas ações ordinárias, escriturais e nominativas, sem valor nominal, e estando em fase de finalização o apuramento dos respetivos resultados, é desde já possível concluir que o número de ações subscritas não atinge o total de ações objeto da oferta pública”.
Por outras palavras, a Cofina não conseguiu os 85 milhões de euros necessários para financiar a compra da Media Capital, a empresa proprietária da TVI.
Em consequência de a oferta pública [de subscrição] ficar sem efeito, o aumento de capital não será objeto de registo comercial, “não se encontrando verificada a última condição suspensiva de que depende o fecho da operação de aquisição, pela Cofina à Promotora de Informaciones [Prisa], de ações representativas de 100% do capital social e direitos de voto da Vertix, SGPS, que por sua vez é titular de ações representativas de 94,69% do capital social e direitos de voto da Grupo Média Capital SGPS, conforme estabelecida no contrato de compra e venda celebrado em 20 de setembro de 2019 e alterado em 23 de dezembro de 2019”, diz a empresa em comunicado.
Por conseguinte, não se encontram reunidas as condições de que depende a conclusão do negócio de compra e venda das ações da Vertix (e indiretamente da Média Capital) previsto no contrato de compra e venda, conclui a Cofina.
A Cofina explica, em comunicado enviado ao mercado, que “tendo especialmente em consideração a recente e significativa deterioração das condições de mercado, a Cofina entendeu não estarem reunidas condições para o lançamento de uma oferta particular para colocação das ações [do aumento de capital] sobrantes, cuja possibilidade se encontrava prevista no prospeto da oferta pública de subscrição”.
Nesta medida, conforme referido no prospeto, não tendo sido verificada a condição de subscrição integral do aumento de capital, a oferta [pública de subscrição] ficou sem efeito.
Recorde-se que este aumento de capital de 85 milhões, segundo a Cofina, já estava garantido em pelo menos 70%. “No contexto da oferta, os acionistas da Promendo Investimentos, Caderno Azul, Actium Capital, Livrefluxo, Valor Autêntico e a sociedade Pluris Investments apresentaram compromissos ou intenções de subscrição de novas ações no montante global de aproximadamente 60 milhões de euros”, dizia um comunicado remetido à CMVM do final de janeiro.
A Promendo Investimentos, a Caderno Azul, a Actium Capital e a Livrefluxo são sociedades detidas, respetivamente, por Ana Menéres de Mendonça, João Borges de Oliveira, Paulo Fernandes e Domingos José Vieira de Matos. Isto é, estas quatro sociedades representam a equipa de gestão de Paulo Fernandes (incluindo o próprio). A Valor Autêntico é gerida por Pedro Borges de Oliveira.
Inicialmente a Cofina tinha negociado a compra da Media Capital — e recebido “luz verde” dos reguladores — a um enterprise value de 205 milhões de euros (incluindo dívida). Mas a queda das audiências e os números reais da TVI levaram a Cofina a conseguir um desconto de 50 milhões no preço.
A operação obrigava a uma Oferta Pública de Aquisição cujo pedido de registo foi remetido a 11 de outubro do ano passado.
Mas a transação estava sujeita a certas condições, em particular a aprovação dos reguladores e a realização de um aumento de capital da Cofina em 85 milhões de euros para o financiamento parcial da compra da participação da Prisa na Media Capital, que detém a TVI. Aumento de capital esse que falhou.
A Cofina esperava que a compra estivesse concluída no primeiro semestre de 2020.
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