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Comboios comprados pela CP à Renfe foram retirados de serviço devido ao amianto

Renfe retirou os comboios de serviço devido ao amianto se encontrar entre os seus materiais, mas a CP não considerou existir qualquer perigo e pagou 1,65 milhões de euros para poder usar essas composições do lado português, segundo uma notícia avançada pelo jornal ‘La Voz de Galicia’.
  • Cristina Bernardo
14 Setembro 2020, 20h21

O conjunto de comboios usados adquiridos pela CP à congénere espanhola Renfe envolvem um risco acrescido devido ao facto de entre os seus materiais se contar o amianto.

Foi, aliás, essa a razão que levou a Renfe a abandonar a operação dessas composições, no serviço de passageiros entre a Galiza e o País Basco, mas a transportadora ferroviária nacional não considerou este perigo e celebrou o contrato de aquisição deste material circulante, um total de 51 carruagens, por um montante de 1,65 milhões de euros, para entrar em funcionamento a partir do final deste ano na linha férrea do Minho, entre o Porto e Valença,

Segundo uma notícia avançada pelo jornal ‘La Voz de Galicia’, “Portugal usará as composições de comboio retiradas da Galiza por transportarem amianto”, acrescentando que “a operadora ferroviária lusa [a CP] descarta trocar as unidades da rota Porto-Vigo apesar da sua antiguidade e avarias”.

“As 18 composições de comboio em que se fazia o transporte entre a Galiza e o País Basco, retiradas depois de ter sido detetada a presença de amianto no seu material, assim como outras 33 carruagens similares, serão utilizados em Portugal desde o fim deste ano para operar na linha ferroviária do Minho, entre o Porto e Valença, segundo assinala a companhia ferroviária lusa”, adianta a referida notícia do ‘La Voz de Galicia’.

De acordo com esta informação, “as 51 composições foram compradas pela Comboios de Portugal [CP] à Renfe por 1,65 milhões de euros depois de terem sido descartadas pela operadora espanhola pela sua antiguidade, e pela perigosidade de se ter encontrado amianto nas suas estruturas, assim como pela aposta na alta velocidade e nas unidades com autopropulsão”.

“No entanto, o Governo luso reconhece que o seu país tem uma carência grave de material ferroviário que pretende colmatar com diversas compras de composições usadas noutros países, pelo que acordou na retirada do amianto das carrugens afetadas, melhorá-las e modernizá-las e colocá-las ao serviço na rota que chega até à fronteira galega, enquanto as [composições] sobejantes serão usadas em linhas interurbanas e regionais”, avança o ‘La Voz de Galicia’.

De acordo com o jornal galego, o pacote de composições comprado pela CP à Renfe engloba 36 carruagens da série 2000, conhecidas como Arco, que deixaram de funcionar a 1 de março passado no serviço Intercity Caminho de Santigo para Irún e Hendaia, mais 15 composições de serviço, com cafetaria e camas.

“As carruagens vendidas a Portugal começaram a funcionar no eixo mediterrânico, mas abandonaram esse serviço em 2008, para passarem a cobrir a rota entre a Galiza e o País Basco, até que este ano foram substituídas por comboios Talgo depois de ser ter detetado a presença de amianto em várias unidades”, revela o jornal galego.

O ‘La Voz de Galicia’ assinala ainda que “[a] Comboios [de Portugal, a CP] utiliza também material procedente da Renfe em regime de aluguer no comboio ‘Celta’, que liga o Porto a Vigo.

“As unidades UTD 592 com autopropulsão e fabricadas na primeira metade dos anos 80 avariaram-se três vezes em 17 dias no seu sistema de autofrenagem desde que em agosto passado se reabriu o tráfego ferroviário entre os dois países”, conclui a referida notícia.

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