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Como ajudar o seu filho a ser bem sucedido na escola

À semelhança de um maravilhoso quadro multicolor abstrato, o regresso às aulas tende a despoletar junto dos mais novos por um lado, entusiasmo, alegria e motivação e por outro uma certa angústia e ansiedade perante os desafios que aí se avizinham. Ao mesmo tempo, na paleta de cores sobressaem as preocupações dos pais perante esta etapa inerente ao desenvolvimento dos seus filhos.
21 Setembro 2018, 11h00

Na matiz cinzenta das preocupações dos pais, destacam-se várias tonalidades, expressas numa gradação infindável de dúvidas, receios e inseguranças que se repetem ano após ano com igual ou diferente intensidade.

Qual deve ser, afinal, o papel dos pais no arranque das aulas?; devem ou não verificar diariamente os trabalhos de casa?; que regras devem impor para promover bons métodos de estudo e, consequentemente, o  aproveitamento escolar?; qual deve ser o grau de exigência?

Estas e outras questões ganham forma numa diversidade de linhas e rabiscos que num primeiro olhar parecem não ter fácil enquadramento nem lugar.

Para além disso, tal como no traçado e nas diferentes técnicas de pintar as opiniões dos pais tendem a dividir-se e a conferir maior ou menor relevo a determinados aspetos. Se há pais que consideram ansiar o melhor para os seus filhos, outros colocam a tónica no querer que os seus filhos sejam os melhores. Na realidade apesar de estas perspetivas parecerem diluir-se e associarem-se numa mesma pincelada, tendem a apresentar natureza cromática distinta que nem sempre cede à mistura de cores, ou seja, querer o melhor para os filhos pode não corresponder à vontade de querer que os nossos filhos sejam os melhores.

De que lado estará, afinal, a razão? Os especialistas não têm dúvidas: o mais importante é sempre a felicidade da criança! A felicidade deverá estar sempre contemplada não só no esboço, como no processo inerente ao ato de pintar, assim como no processo de retoque e acabamento subjacente à arte final, sobrepondo-se, à temática, à forma e a todo o enquadramento. A Felicidade deverá ser a tónica, a força motriz pois deverá ser sempre ressalvado o Superior Interesse da Criança. Sem Felicidade todo o percurso tende a apresentar-se mais dificultado correndo o risco de se apresentar pouco eficaz.

Neste sentido, o sucesso académico é, naturalmente, muito importante e pode contribuir para o bem-estar que se pretende mas, atenção, não deve ser o principal objetivo a atingir. Assim como a escola e as políticas educativas vigentes, dotadas de elevados níveis de exigência, várias metodologias de ensino-aprendizagem, avaliações diversificadas, podem apresentar-se fundamentais no pensamento de alguns pais. No entanto, nem sempre as chamadas melhores escolas, definidas por tais características se apresentam como basilares e fulcrais na formação de bons alunos!

A escola ideal deverá pautar-se para além da componente formativa/académica relativa à esfera do conhecimento, por fazer parte integrante de um currículo contemplativo dos afetos, da educação para a cidadania e sobretudo deverá dar primazia não só à securidade mas ao bem-estar físico e psicológico da criança. A escola nesta perspetiva deverá proporcionar atmosferas positivas, competências sociais e interpessoais capazes de estimular a criança na sua globalidade de modo a que a criança se sinta feliz, aceite, respeitada e integrada!

Nesta etapa apela-se essencialmente à sensibilidade dos pais no sentido de auscultar os seus filhos procurando mediante a partilha, o convívio, o diálogo entre outras atividades em parceria descortinar como estão a vivenciar este desafio que se ilustra no desenvolvimento escolar.

Para tal algumas dicas podem apresentar-se importantes na promoção da comunicação eficaz entre pais e filhos.Deste modo, quando falar sobre a escola não se esqueça de reforçar os pontos positivos. Lembre as boas experiências dos anos anteriores, os amigos, as brincadeiras, as coisas boas que se aprenderam e que se vão aprender. Procure no seu quotidiano criar rotinas integradoras de um espaço exclusivo para a criança, para a ouvir, para a sentir. Assim terá lugar para perguntar como foi o dia de escola, o que aprendeu, qual foi a melhor parte do dia?

No plano do estudo é importante efetuar um acompanhamento com regularidade, monitorizando os seus desempenhos/prestações através de dicas e estratégias sempre numa ótica de o dotar de ferramentas essenciais à sua autonomia e confiança. Não se esqueça que o importante é ser o seu mentor e não sobrepor-se e/ou substituir-se ao seu papel de aluno.

Por isso, em vez de pintar por ele, ou seja, estudar ou realizar as tarefas por ele, ensine-o como se pinta através de exemplos, de esboços, utilizando diferentes materiais, o importante é mesmo envolve-lo na tarefa e incutir-lhe a importância do seu papel ativo na sua própria aprendizagem. Assim como os sucessos, os erros e fracassos deverão ser alvo de natural partilha, de análise conjunta, podendo apresentar-se como reais pontos de partida para trajetórias positivas, sobejamente vindouras. Não se esqueça que por vezes nem as grandiosas obras de arte se circunscrevem ou são antecedidas por um único e singelo esboço.

No que toca à implementação de rotinas importa não esquecer que depois de, sensivelmente, mais de dois meses de férias escolares não é fácil entrar no ritmo das aulas e do estudo. Para entrar na rotina é essencial a conversa entre os pais e os filhos. As crianças precisam de ser estimuladas logo no arranque do ano letivo. Ajude-as a organizarem-se, a planificar as suas atividades. Participe sempre que possível na vida escolar e procure desde esta fase inicial criar redes de comunicação e parceria com a escola, pois em conjunto podem criar uma equipa fantástica na troca e partilha de informação e experiências, essencial à promoção da aprendizagem do seu filho.

Aos poucos vá despertando o seu filho para as aprendizagens. Há várias formas tão simples de o fazer, por exemplo, peça-lhe para ler um livro em voz alta no carro, ou que some os preços dos alimentos que compra no supermercado. Não há nada mais estimulante para o cérebro do que uma conversa, se possível com desafios que o obriguem a pensar e fazer contas de cabeça.

Mas atenção! Não se deixe levar pelo excesso de monitorização que quase não deixa espaço para a livre expressão da criança, para a tentativa-erro, para a experimentação e para a brincadeira. A contemplação de tempos lúdicos na rotina quotidiana é fundamental para a pura manifestação da realidade do ser criança. Pois pais tendencialmente rígidos e pouco flexíveis podem despertar elevados níveis de ansiedade nas crianças o que, regra geral, pode manifestar-se como um obstáculo e mais uma variável adicional que a criança vai ter de gerir a par de todos os outros desafios.  Quanto mais descontraído for todo o processo de integração escolar, rotinas académicas, planificação das atividades, atividades lúdicas e estudo, melhores resultados poderão surgir associados a maiores níveis de bem-estar.

As famílias têm de estar atentas às necessidades globais das suas crianças, ao seu sentir, não nos esqueçamos que a etapa escolar é um quadro muito importante, mas não único da maravilhosa exposição ilustrada no desenrolar fulgurante das suas vidas. Por isso, é fundamental que a contemplação deste quadro seja vivida e experenciada pela família nuclear num entrelaçar de abraços capazes de transmitir que estarão juntos, livres para conferir e aprender a interpretar e superar as inúmeras situações que só a abstração de um quadro pode sugerir promovendo assim uma aprendizagem salutar e um inevitável crescimento em conjunto.

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