Na matiz cinzenta das preocupações dos pais, destacam-se várias tonalidades, expressas numa gradação infindável de dúvidas, receios e inseguranças que se repetem ano após ano com igual ou diferente intensidade.
Qual deve ser, afinal, o papel dos pais no arranque das aulas?; devem ou não verificar diariamente os trabalhos de casa?; que regras devem impor para promover bons métodos de estudo e, consequentemente, o aproveitamento escolar?; qual deve ser o grau de exigência?
Estas e outras questões ganham forma numa diversidade de linhas e rabiscos que num primeiro olhar parecem não ter fácil enquadramento nem lugar.
Para além disso, tal como no traçado e nas diferentes técnicas de pintar as opiniões dos pais tendem a dividir-se e a conferir maior ou menor relevo a determinados aspetos. Se há pais que consideram ansiar o melhor para os seus filhos, outros colocam a tónica no querer que os seus filhos sejam os melhores. Na realidade apesar de estas perspetivas parecerem diluir-se e associarem-se numa mesma pincelada, tendem a apresentar natureza cromática distinta que nem sempre cede à mistura de cores, ou seja, querer o melhor para os filhos pode não corresponder à vontade de querer que os nossos filhos sejam os melhores.
De que lado estará, afinal, a razão? Os especialistas não têm dúvidas: o mais importante é sempre a felicidade da criança! A felicidade deverá estar sempre contemplada não só no esboço, como no processo inerente ao ato de pintar, assim como no processo de retoque e acabamento subjacente à arte final, sobrepondo-se, à temática, à forma e a todo o enquadramento. A Felicidade deverá ser a tónica, a força motriz pois deverá ser sempre ressalvado o Superior Interesse da Criança. Sem Felicidade todo o percurso tende a apresentar-se mais dificultado correndo o risco de se apresentar pouco eficaz.
Neste sentido, o sucesso académico é, naturalmente, muito importante e pode contribuir para o bem-estar que se pretende mas, atenção, não deve ser o principal objetivo a atingir. Assim como a escola e as políticas educativas vigentes, dotadas de elevados níveis de exigência, várias metodologias de ensino-aprendizagem, avaliações diversificadas, podem apresentar-se fundamentais no pensamento de alguns pais. No entanto, nem sempre as chamadas melhores escolas, definidas por tais características se apresentam como basilares e fulcrais na formação de bons alunos!
A escola ideal deverá pautar-se para além da componente formativa/académica relativa à esfera do conhecimento, por fazer parte integrante de um currículo contemplativo dos afetos, da educação para a cidadania e sobretudo deverá dar primazia não só à securidade mas ao bem-estar físico e psicológico da criança. A escola nesta perspetiva deverá proporcionar atmosferas positivas, competências sociais e interpessoais capazes de estimular a criança na sua globalidade de modo a que a criança se sinta feliz, aceite, respeitada e integrada!
Nesta etapa apela-se essencialmente à sensibilidade dos pais no sentido de auscultar os seus filhos procurando mediante a partilha, o convívio, o diálogo entre outras atividades em parceria descortinar como estão a vivenciar este desafio que se ilustra no desenvolvimento escolar.
Para tal algumas dicas podem apresentar-se importantes na promoção da comunicação eficaz entre pais e filhos.Deste modo, quando falar sobre a escola não se esqueça de reforçar os pontos positivos. Lembre as boas experiências dos anos anteriores, os amigos, as brincadeiras, as coisas boas que se aprenderam e que se vão aprender. Procure no seu quotidiano criar rotinas integradoras de um espaço exclusivo para a criança, para a ouvir, para a sentir. Assim terá lugar para perguntar como foi o dia de escola, o que aprendeu, qual foi a melhor parte do dia?
No plano do estudo é importante efetuar um acompanhamento com regularidade, monitorizando os seus desempenhos/prestações através de dicas e estratégias sempre numa ótica de o dotar de ferramentas essenciais à sua autonomia e confiança. Não se esqueça que o importante é ser o seu mentor e não sobrepor-se e/ou substituir-se ao seu papel de aluno.
Por isso, em vez de pintar por ele, ou seja, estudar ou realizar as tarefas por ele, ensine-o como se pinta através de exemplos, de esboços, utilizando diferentes materiais, o importante é mesmo envolve-lo na tarefa e incutir-lhe a importância do seu papel ativo na sua própria aprendizagem. Assim como os sucessos, os erros e fracassos deverão ser alvo de natural partilha, de análise conjunta, podendo apresentar-se como reais pontos de partida para trajetórias positivas, sobejamente vindouras. Não se esqueça que por vezes nem as grandiosas obras de arte se circunscrevem ou são antecedidas por um único e singelo esboço.
No que toca à implementação de rotinas importa não esquecer que depois de, sensivelmente, mais de dois meses de férias escolares não é fácil entrar no ritmo das aulas e do estudo. Para entrar na rotina é essencial a conversa entre os pais e os filhos. As crianças precisam de ser estimuladas logo no arranque do ano letivo. Ajude-as a organizarem-se, a planificar as suas atividades. Participe sempre que possível na vida escolar e procure desde esta fase inicial criar redes de comunicação e parceria com a escola, pois em conjunto podem criar uma equipa fantástica na troca e partilha de informação e experiências, essencial à promoção da aprendizagem do seu filho.
Aos poucos vá despertando o seu filho para as aprendizagens. Há várias formas tão simples de o fazer, por exemplo, peça-lhe para ler um livro em voz alta no carro, ou que some os preços dos alimentos que compra no supermercado. Não há nada mais estimulante para o cérebro do que uma conversa, se possível com desafios que o obriguem a pensar e fazer contas de cabeça.
Mas atenção! Não se deixe levar pelo excesso de monitorização que quase não deixa espaço para a livre expressão da criança, para a tentativa-erro, para a experimentação e para a brincadeira. A contemplação de tempos lúdicos na rotina quotidiana é fundamental para a pura manifestação da realidade do ser criança. Pois pais tendencialmente rígidos e pouco flexíveis podem despertar elevados níveis de ansiedade nas crianças o que, regra geral, pode manifestar-se como um obstáculo e mais uma variável adicional que a criança vai ter de gerir a par de todos os outros desafios. Quanto mais descontraído for todo o processo de integração escolar, rotinas académicas, planificação das atividades, atividades lúdicas e estudo, melhores resultados poderão surgir associados a maiores níveis de bem-estar.
As famílias têm de estar atentas às necessidades globais das suas crianças, ao seu sentir, não nos esqueçamos que a etapa escolar é um quadro muito importante, mas não único da maravilhosa exposição ilustrada no desenrolar fulgurante das suas vidas. Por isso, é fundamental que a contemplação deste quadro seja vivida e experenciada pela família nuclear num entrelaçar de abraços capazes de transmitir que estarão juntos, livres para conferir e aprender a interpretar e superar as inúmeras situações que só a abstração de um quadro pode sugerir promovendo assim uma aprendizagem salutar e um inevitável crescimento em conjunto.
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