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Confiança dos empresários cabo-verdianos em mínimos de quase quatro anos

Globalmente, do último trimestre de 2019 para o primeiro de 2020, este indicador passou de um índice positivo de 15 pontos, para um valor negativo de cerca de oito pontos.
7 Maio 2020, 15h15

O ritmo de crescimento económico, na perceção de confiança dos empresários cabo-verdianos, “abrandou fortemente” no primeiro trimestre deste ano, para o valor mais baixo dos últimos 15 trimestres (quase quatro anos), segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

De acordo com o Indicador de Clima Económico, com dados do inquérito à conjuntura aos agentes económicos e divulgado esta quinta-feira pelo INE cabo-verdiano, num momento de crise generalizada provocada pela pandemia de covid-19, a “conjuntura económica” do país é agora “desfavorável”.

Globalmente, do último trimestre de 2019 para o primeiro de 2020, este indicador passou de um índice positivo de 15 pontos, para um valor negativo de cerca de oito pontos.

No setor do comércio, o indicador de confiança registou “o valor mais baixo dos últimos 10 trimestres”, apresentando, segundo o INE, uma conjuntura económica desfavorável.

“No decorrer do primeiro trimestre de 2020, as dificuldades financeiras e a insuficiência da procura foram os principais constrangimentos do setor”, aponta o estudo do INE cabo-verdiano.

Já no turismo, o indicador de confiança “inverteu a tendência ascendente” do último trimestre de 2019, iniciando 2020 com o valor mais baixo dos últimos 14 trimestres: “A conjuntura no setor é desfavorável. Os empresários apontaram a insuficiência da procura e as dificuldades financeiras como sendo os principais obstáculos do setor, no primeiro trimestre de 2020”, acrescenta o INE.

Na construção, outro dos setores analisados, o indicador “inverteu a tendência ascendente” do último trimestre e a conjuntura é agora “desfavorável”, com os empresários do ramo a apontarem, além da insuficiência da procura, “as dificuldades na obtenção de crédito bancário” como o principal constrangimento.

Com o arquipélago fechado desde março a voos internacionais e às ligações interilhas, para conter a pandemia de covid-19, o índice de confiança económica dos empresários do setor dos transportes e serviços auxiliares registou o valor mais baixo dos últimos sete trimestres, “evoluindo negativamente face ao trimestre homólogo”.

“A conjuntura no setor é desfavorável. De acordo com os empresários, outros fatores (pandemia da covid-19) foi o principal constrangimento do setor, no decorrer do primeiro trimestre 2020”, aponta o INE.

A última previsão do Governo cabo-verdiano aponta para uma revisão do Orçamento do Estado para 2020 com um cenário de défice orçamental que dispara de 2 para 10% do Produto Interno Bruto (PIB), com a correspondente “explosão” da dívida pública e uma recessão económica de 4 a 5% do PIB, contra o crescimento anual acima de 5% que se registava até agora.

O quadro do Governo é composto ainda pela duplicação do desemprego, cuja taxa poderá chegar aos 20% e a quebra de 18 mil milhões de escudos (163 milhões de euros) em receitas públicas.

Cabo Verde conta com 191 casos de covid-19 diagnosticados desde 19 de março, dois óbitos e 38 doentes recuperados. Permanecem ativos, em isolamento hospitalar, 128 doentes com covid-19 na Praia e dois no Tarrafal (ilha de Santiago), e 19 na ilha da Boa Vista.

O país vive atualmente o terceiro período de estado de emergência, decretado pela primeira vez em 29 de março pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, mas agora, e até às 24:00 de 14 de maio, apenas nas ilhas de Santiago e da Boa Vista, que concentram os casos de covid-19.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 260 mil mortos e infetou cerca de 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

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