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Contabilização de vítimas mortais em alguns países europeus pode ser falível, alertam epidemiologistas

Um dos exemplos indicados por estes especialistas é o Reino Unido que, até ter sido declarada pandemia, não registava a causa direta da infeção quando um paciente falecia por infeção respiratória, a menos que fosse uma doença de notificação obrigatória como a malária ou tuberculose.
30 Março 2020, 16h55

As mortes por coronavírus podem não estar a ser contabilizadas de forma correta na maioria dos países, o que faz com que as taxas de mortalidade divulgadas possam não traduzir os números reais, de acordo com alerta de epidemiologistas lançado esta segunda-feira o jornal espanhol El País.

Um dos exemplos indicados por estes especialistas é o Reino Unido que, até ter sido declarada pandemia, não registava a causa direta da infeção quando um paciente falecia por infeção respiratória, a menos que fosse uma doença de notificação obrigatória como a malária ou tuberculose.

Já em França, apenas foram contabilizadas as mortes em ambiente hospitalar do conjunto de 600 hospitais e clínicas do país com capacidade para receber pacientes com a Covid-19, excluindo as pessoas que morreram em casa ou em lares de idosos. Contudo, o Governo de Emmanuel Macro já anunciou que a partir desta semana farão um seguimento diário da mortalidade em residências.

O mesmo se passa em Espanha que, de acordo com o artigo do El País, não regista as mortes de pessoas em residências séniores, mas neste caso, segundo apurou o jornal espanhol, já morreram cerca de 352 pessoas em casas de repouso. O porta-voz da Sociedade Espanhola de Saúde Pública Espanhola Ildefonso Hernandez garante que “à posteriori é que se fará uma aproximação mais ou menos exata, mas será sempre uma aproximação”.

Já Itália inclui no registo de vítimas mortais por coronavírus todos os pacientes que apresentaram resultado positivo no teste de despistagem para covid-19 e que morreram, independentemente do historial médico, seguindo os critérios do Instituto Superior de Saúde.

Na Alemanha, cuja taxa de mortalidade é de 0,72% , os dados divulgados pelo Instituto Robert Koch demonstram um número inferior ao que tem sido publicado pela Universidade John Hopkins. O Instituto afirma que “todas as mortes relacionadas com a Covid-19 são registadas, tanto as pessoas que morrem diretamente pela doença, como os pacientes infetados, com doenças subjacentes. Portanto, não é possível provar claramente a causa da morte”. Em caso de suspeita é realizada autopsia, no entanto o Instituto Robert Koch não garante que tenha sido realizada autopsia a todos os suspeitos.

Até ao momento a Covid-19 já fez mais de 30 mil vítimas mortais e grande parte da comunidade científica assume que, na ausência da realização de mais testes de rastreamento da doença, o número de infetados ou mortos poder ser maior do que os números oficiais.

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