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Conversa entre Trump e Zelensky condicionada por cimeira com Putin

A Casa Branca não foi tão longe como se esperava – ou como a Europa esperava – no suporte à causa ucraniana contra a invasão russa. Afinal, como cimeira marcada para a Hungria, Donald Trump estava em fase de contemporização.
18 Outubro 2025, 15h44

Depois de falar com Zelensky por mais de duas horas, Trump implorou à Ucrânia e à Rússia que “parassem a guerra imediatamente”, mesmo que isso significasse a Ucrânia ceder território. “Vocês param na linha de frente e ambos os lados devem voltar para casa, para as suas famílias”, disse Trump a caminho da sua casa em West Palm Beach, Flórida. “Parem com a matança. E é isso. Parem agora mesmo na linha de frente. Eu disse isso ao presidente Zelensky. Eu disse isso ao presidente Putin.”

A decisão de Trump de reatar o diálogo com Putin, uma estratégia que frustrou Zelensky e deixou os seus parceiros europeus levemente indispostos, lançou uma sombra sobre o diálogo com o seu homólogo ucraniano – voltando para o lugar de subalternidade onde já esteve e de onde foi ‘repescado’.

Os dois líderes encontraram-se à porta fechada e, entre outros temas, discutiram uma ligação telefónica feita no dia anterior entre o presidente russo e Trump, que se apresentou como um mediador entre as forças em guerra. “Acho que o presidente Zelensky quer que isso seja feito, e acho que o presidente Putin quer que isso seja feito. Agora, tudo o que eles precisam de fazer é entenderem-se um pouco”, disse Trump – que provavelmente tem algumas dúvidas sobre a sua própria declaração.

Zelensky observou o quão difícil tem sido tentar garantir um cessar-fogo. “Nós queremos isso. Putin não quer”, disse, para afirmar a Trump que a Ucrânia tem milhares de drones prontos para uma ofensiva contra alvos russos, mas precisa de mísseis norte-americanos. “Não temos Tomahawks, é por isso que precisamos de Tomahawks”, disse. Mas não os vai ter, pelo menos de imediato – e essa é a grande frustração com que sai de mais um encontro com Trump. “Preferiríamos que eles não precisassem de Tomahawks”, disse. “Também queremos Tomahawks. Não queremos abrir mão de coisas que precisamos para proteger o nosso país”, afirmou ainda, no que pareceu a todos uma ‘desculpa’ para não os prodigalizar à Ucrânia.

Após a reunião, que Zelensky descreveu como produtiva, disse que não queria falar sobre mísseis de longo alcance, uma vez que os EUA não querem uma escalada. O presidente ucraniano, que falou por telefone com líderes europeus após a reunião, disse que contava com Trump para pressionar Putin “a parar esta guerra”. Trump “está certo; temos que parar onde estamos. É importante parar onde estamos e depois falar”.

Para todos os efeitos, o tom conciliador de Trump após a ligação com Putin levantou questões sobre a assistência à Ucrânia a curto prazo e reacendeu os temores europeus de um acordo que seja vantajoso para a Rússia. Convém recordar que, nos últimos dias, a Casa Branca parecia estar inclinada a conceder novo apoio a Zelensky, incluindo os mísseis Tomahawk que, segundo os ucranianos, os ajudariam a infligir mais danos à máquina de guerra da Rússia. Mas, após as negociações de sexta-feira, Zelensky vai ter de esperar: é que Moscovo alertou que o fornecimento desses mísseis representaria uma grave escalada e Trump, j aparentemente, ouviu o recado.

 

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