O presidente da Agência Espacial Portuguesa defendeu hoje o potencial da observação da Terra na monitorização dos impactos das alterações climáticas, mas sublinhou que, para isso, é necessária uma política de dados abertos.
Ricardo Conde esteve hoje na 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), que está a decorrer no Dubai, Emirados Árabes Unidos, num encontro entre líderes das agências espaciais.
E qual o papel das agências espaciais nas alterações climáticas? “A questão das alterações climáticas é um desafio global e, por isso, a abordagem tem de ser global. Particularmente, a monitorização tem de ser global”, resumiu, em declarações à agência Lusa.
O encontro, que reuniu líderes de cerca de 20 agências espaciais, pretendeu discutir o apoio a uma agenda de cooperação internacional de combate às alterações climáticas e ajuda às populações afetadas, com recurso a dados de observação da terra e aplicações espaciais, e foi precisamente isso que Ricardo Conde foi defender.
“O objetivo é tornar possível a observação do comportamento e interação, por exemplo, entre os oceanos, a atmosfera, alterações do clima, o impacto da humidade dos solos”, explicou, referindo que uma constelação significativa de satélites permite uma observação mais precisa que cria previsibilidade.
O problema é que, apesar de toda a tecnologia disponível, falta a “matéria-prima”, isto é, os dados e a sua disponibilização.
“Esse é o grande desígnio das tecnologias do espaço, criar uma verdadeira política de dados de observação da Terra”, sublinhou o presidente da Agência Espacial Portuguesa, referindo que existiu hoje esse compromisso.
Em Portugal, os passos nesse sentido estão já a ser dados, por exemplo, com o projeto da Constelação Atlântica, que junta as agências portuguesa e espanhola e que pretende, até 2025, lançar uma constelação de 16 satélites de observação da Terra.
“Quantos mais satélites, mais resolução temporal temos”, disse Ricardo Conde, explicando que só dessa forma é que é possível a aproximação a uma monitorização quase em tempo real.
Segundo o responsável, o projeto conta entretanto também com a adesão do Reino Unido, Grécia e Angola. “Vai permitir que tenhamos, em Portugal, capacidade de ter esta política de dados abertos”, sublinhou.
Por outro lado, na relação entre o espaço e as alterações climáticas, o presidente da Agência Espacial Portuguesa referiu também o problema do lixo espacial e defendeu a necessidade de uma coordenação internacional, algo que admite ser muito complexo.
Sobre esse tema, Lisboa vai receber, em maio do próximo ano, a conferência das Nações Unidas gestão e sustentabilidade das atividades espaciais.
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